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14/09/2022 às 16h11min - Atualizada em 15/09/2022 às 00h01min

Inflação no Brasil tem tendência de queda, mas sob pressão

Banco Central prevê que o índice oficial deve fechar 2022 em 6,4%; economista explica que queda de tributos e valorização do real ajudaram, mas alta global dos alimentos permanece

DINO
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Valorização do real face ao dólar é um fator para a tendência de queda


A inflação no Brasil começa a dar alguns sinais de queda e pode fechar o ano em um patamar menor que o previsto. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), adotado como índice oficial de inflação no país, teve duas reduções seguidas, sendo uma de 0,68% em julho e outra de 0,36% em agosto. Com isso, ele acumula uma alta de 4,39% no ano e 8,73% em 12 meses.

A tendência de queda também aparece na última edição do Boletim Focus, do Banco Central, que analisa e projeta as previsões de indicadores das instituições financeiras do país. Segundo o BC, o IPCA deve ficar em 6,4% no fim deste ano, abaixo da previsão inicial de 6,61% previstos anteriormente, mas ainda acima da meta de 3,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional. O mesmo boletim prevê ainda que a inflação oficial deve alcançar 5,17% em 2023, 3,47% em 2024 e 3% em 2025. 

A combinação de alguns aspectos dos cenários econômicos internos e externos ajudam a explicar o porquê desta queda nos índices de inflação, após a alta generalizada do dólar, dos alimentos e de insumos como petróleo, fertilizantes, gás e energia elétrica, devido aos desdobramentos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Entre estes aspectos considerados positivos, estão algumas medidas tomadas em nível de governo, como ajustes na cobrança de tributos federais e estaduais.

“Houve uma queda na tributação, onde finalmente o ICMS [Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços] cobrado de itens como combustíveis, energia elétrica e banda larga foram estabelecidos dentro da faixa padrão desse imposto [antes era cobrado na média dos itens supérfluos], causou uma momentânea redução de pressão inflacionária. Porém ocorreu de maneira combinada com uma relativa valorização do real frente ao dólar e principalmente uma tendência de queda do preço do barril de petróleo [que chegou a ser negociado a preços futuros na faixa de 140 dólares e recuou para cerca de 90 dólares]”, explicou o economista Edgard Leonardo Meira, professor de Administração do Centro Universitário Tiradentes (Unit Pernambuco).

Ele destaca que os índices de inflação, como o IPCA, podem ser impactado por diversos fatores, como pressões de demanda e de custos, causadas por problemas climáticos, oscilações de preço ou falta de insumos, além das expectativas de inflação e da alta inesperada de custos que impactam na cadeia de produção. 

“Temos situações diversas que impactam os custos de produção, desde problemas climáticos (secas ou enchentes), passando por oscilações de preço de combustíveis ou energia, falta de insumos (como ocorreu recentemente com fertilizantes oriundos da Rússia).  Quando os custos de produção se elevam, é natural que os aumentos recaiam sobre o preço final. No caso da economia brasileira, outro item importante é a cotação do dólar, pois em momentos em que o real se desvaloriza frente ao dólar, os custos de produção no Brasil se elevam, impactando também o processo inflacionário”, disse Edgard.

O professor avalia que a expectativa de queda nos indicadores de inflação, e dá em grande medida, pelo cenário já exposto e devido ao baixo dinamismo da economia para 2023. Isto porque o cenário econômico prevê a manutenção da pressão inflacionária sobre os alimentos em todo o mundo, além da redução da oferta mundial de petróleo, anunciada na semana passada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). “Infelizmente, a tendência ainda é de pressão inflacionária sobre os alimentos, o que naturalmente impacta mais fortemente as camadas mais baixas da sociedade”, concluiu.

com informações da Agência Brasil 



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