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15/09/2022 às 18h11min - Atualizada em 16/09/2022 às 00h01min

Retorno ao presencial gera aumento de busca por saúde mental

Longo período de confinamento provocado pela pandemia fragilizou a confiança das pessoas no retorno às atividades presenciais, seja em âmbito profissional ou pessoal

DINO
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No primeiro ano da pandemia, a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% em todo o mundo. Número que contribuiu para ampliar o cenário em que 1 bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental. Essas evidências levaram a Organização Mundial da Saúde (OMS), em seu mais recente relatório de saúde mental, a indicar os caminhos que devem ser percorridos para a transformação, visando tratamentos mais acessíveis e adequados para desmistificar a doença e a discriminação.

Em levantamento realizado pelo dr.consulta em seu banco de pacientes cadastrados, entre janeiro e agosto de 2022, foram realizadas cerca de 12.000 consultas de psicologia e psiquiatria por mês, o que resulta em mais de 550 atendimentos por dia, um número extremamente considerável e que revela que felizmente as pessoas estão mais conscientes da importância de buscar tratamento médico. Os registros mostram que grande parte dos pacientes está na faixa etária entre 20 e 59 anos, considerada economicamente ativa, representando 81% das consultas, sendo a maioria mulheres, com 58%.

Neste ano houve um aumento de quase 20% dos atendimentos realizados em relação ao período de janeiro a agosto de 2021, e um salto de 35% se comparado a 2020. Para o psiquiatra Bonifácio Rodrigues, integrante do corpo clínico do dr.consulta e especialista da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), “a pandemia deixou marcas na população, que ainda são muito recentes. A imunização trouxe mais tranquilidade, mas a maioria ainda vive insegura, no estado de vigilância e proteção neste novo momento da vida”.

“Diferente do primeiro momento da pandemia, quando os diagnósticos estavam associados a ansiedade e a depressão, hoje, o paciente busca a reinserção social, seja no trabalho ou na vida cotidiana. Muita coisa mudou, é preciso ganhar confiança, sem alimentar as inseguranças, como o medo de adoecer ou de passar por um burnout”, esclarece Dr. Bonifácio. “A pandemia alterou a forma como as pessoas enxergam a vida e precisam repensar sobre os conceitos que vivenciaram até aqui, principalmente a natureza da finitude da vida e pensar no outro, com um olhar mais coletivo”, explica o psiquiatra.

A Pesquisa World Mental Health Day 2021 realizada pela Ipsos em 30 países, identificou que três em cada quatro brasileiros - 75% - afirmam pensar muito ou consideravelmente em seu próprio bem-estar mental. Entre os respondentes, 40% afirmaram que a saúde mental é o maior problema sanitário que o país enfrenta na atualidade. “Assim como os demais órgãos, o cérebro pode ficar doente. Por isso, é importante que a pessoa tenha consciência de que, quando ela não tiver controle das emoções ou de seus pensamentos, deve procurar um profissional, que irá avaliar as causas e indicar o tratamento adequado”, avalia Rodrigues.

De acordo com a OMS, desigualdades sociais e econômicas, emergências de saúde pública, guerra e crise climática são consideradas ameaças à saúde mental da população geral. O suicídio, responsável por uma em cada 100 mortes no mundo, estão entre as causas que poderiam ser evitadas, já que 58% ocorrem antes dos 50 anos de idade. 

Como contornar o quadro? “A transformação começa mudando os paradigmas desde a infância. O papel dos adultos, sejam eles familiares ou educadores, é muito importante para criar um novo modelo para o papel do indivíduo e esse trabalho deve começar ainda na primeira infância para que a criança cresça mais confiante e compreenda que todos temos uma utilidade. A preparação inclui novos valores, como cooperar, servir e cuidar para prepará-los para uma sociedade mais coletiva e com mais empatia e que o outro também seja valorizado”, esclarece o psiquiatra.



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