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13/12/2022 às 16h13min - Atualizada em 14/12/2022 às 00h20min

Estudo alerta sobre perigos da polarização

O nível de polarização da conversa na Íbero - América cresceu quase 40% nos últimos 5 anos, de acordo com um estudo da LLYC que utiliza técnicas de análise de Big Data e Inteligência Artificial. No Brasil, o racismo é o território que mais produz debate, enquanto aborto, feminismo e direitos humanos têm maior tendência de polarização

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Utilizando técnicas de Big Data e Inteligência Artificial, o relatório da LLYC, com o título The Hidden Drug: um estudo sobre o poder viciante da polarização do debate público, analisou a conversa dos últimos cinco anos na Ibero-América e nos Estados Unidos, processando mais de 600 milhões de mensagens nas redes sociais, coletadas entre 01 de setembro de 2017 e 31 de agosto de 2022. O estudo aponta que  o nível de polarização na América Latina cresceu quase 40% nos últimos cinco anos, e a cada ano cresce o número de pessoas que participam de debates que polarizam as redes sociais. Após o início da pandemia, o nível de envolvimento ou engajamento em conversas de polarização cresce 8% ao ano na América Latina e até 15% nos EUA. No Brasil, segundo o estudo identifica, o racismo é o termo que mais produz debate no ambiente virtual.

A campanha, realizada pela LLYC em colaboração com especialistas como Mariano Sigman, neurocientista e autor de "O Poder das Palavras"; Patricia Fernández, Psicóloga Clínica do Hospital Ramón y Cajal; e Belén Carrasco, pesquisadora sênior e vice-diretora do Eyes on Russia, Centro de Resiliência da Informação, série de peças desenvolvidas pelas equipes criativas da LLYC e demonstra que o vício em redes sociais atinge o nível de drogas em certos casos: uma droga oculta por trás da aparente normalidade do uso destas plataformas digitais.

Esta dependência em redes, e principalmente em polarizar o conteúdo, gera, tanto nos indivíduos quanto na sociedade, sintomas semelhantes aos de uma droga tipo c. Os sintomas podem incluir perda de controle, absorção no nível mental ou perturbação severa do funcionamento diário da pessoa. “Estamos lançando esta campanha global porque estamos muito preocupados com a normalização desse fenômeno. Nosso propósito como empresa é gerar confiança entre pessoas, instituições, empresas e marcas, e a polarização tem o efeito contrário. Este fenômeno impede que as pessoas encontrem um consenso e uma base comum. É por isso que temos a responsabilidade de criar espaços de conciliação, descontração e descanso para encontrar uma saída para esta situação", destaca José Antonio Llorente, sócio-fundador e presidente da LLYC.

UM VÍCIO CRESCENTE 

O estudo realizado na Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, República Dominicana, Equador, Espanha, México, Panamá, Peru, Portugal e Estados Unidos, indica que sempre  há um crescimento da polarização no mundo, quase 40% na Ibero-América e 2,2% nos EUA nos últimos cinco anos. "É difícil medir o risco exato de um vício; em alguns casos é bem conhecido, mas em outros, como a polarização, não é. As grandes tragédias e massacres humanos decorrem de momentos de incompreensão, da exacerbação desse mecanismo pelo qual um grupo não consegue entender as ideias do outro. Essa não compreensão o faz odiá-lo a tal ponto que ele decide que a única maneira de resolver é matar todos eles em uma guerra. Este pode ser o risco real de uma droga como a polarização." ressalta Mariano Sigman, neurocientista e autor do livro O poder das palavras.

O crescimento mais lento nos EUA em comparação com outros países se deve ao enorme consenso que o racismo e o aborto geram na sociedade americana. O caso George Floyd gerou uma alta reação social de consenso que provocou uma queda temporária na polarização de 74%; enquanto as decisões judiciais dos últimos meses contra o aborto, também geraram um movimento de rejeição de alto consenso.

O relatório também alerta sobre um aumento progressivo deste "vício"; ou seja, o nível de envolvimento ou engajamento dos usuários de ambos os lados do espectro político nos territórios das conversas. Na América Latina cresce 11% no mês em que a pandemia é declarada e desde então vem crescendo a uma taxa anual de 8%. Nos Estados Unidos, os níveis de vício em debate mostram um crescimento contínuo de 15% ao ano e nos últimos meses a inclinação de crescimento acelerou 13% acima da média. “Vivemos em uma sociedade viciada em conflito, vício que é potencializado pelo uso de redes sociais. O principal valor do estudo é convidar todos nós a refletir e a encontrar espaços de diálogo e conciliação com os outros", acrescenta Thyago Mathias, diretor-geral da LLYC no Brasil

A POLARIZAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, o racismo, embora com uma polarização menor que a liberdade de expressão(-9%), é o território que mais produz debate. E apesar de conter a maior floresta tropical do mundo, as mudanças climáticas produzem 80% menos volume de debates do que nos outros países do mundo. Aborto, direitos humanos e feminismo são os assuntos que mais polarizam a sociedade. O debate em torno do aborto é polarizado e cresce 183% devido às posições opostas entre cristãos e aqueles que querem acabar com a clandestinidade. Liberdade de expressão acima da média em polaridade e a com maior diferencial de vício.



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