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11/04/2023 às 22h01min - Atualizada em 12/04/2023 às 00h01min

Museu do Inusitado é reaberto, oficialmente, com shows e intervenções de graffiti no Capão Redondo

Programação acontece nos dias 14 e 15 de abril em espaço destinado a promover encontros para ensaios e apresentações de artistas da periferia

SALA DA NOTÍCIA Mariana Mascarenhas
Conhecida por ser um importante polo cultural do país, a cidade de São Paulo possui uma grande variedade de eventos e atividades culturais acontecendo em suas diversas regiões. No entanto, é importante destacar que muitas dessas atrações ocorrem em determinados bairros e regiões centrais da cidade, deixando de alcançar a população das periferias. De acordo com dados do Mapa da Desigualdade divulgados em novembro de 2022, dos 96 distritos de São Paulo, 57 não possuem centros, casas e espaços de cultura. Já os bairros centrais estão entre os que mais apresentam tais opções.
 
Para mudar esse cenário, é fundamental promover a descentralização cultural, o que significa levar mais atividades e ambientes de cultura para as regiões periféricas da cidade, ampliando o acesso da população a essas manifestações artísticas. Um exemplo é o espaço Museu do Inusitadosituado entre as regiões do Capão Redondo e Jardim São Luís, em São Paulo. Criado, oficialmente, em 2015, o local surgiu em decorrência da necessidade de uma estrutura para ensaios e reuniões de artistas e produtores culturais da região.

 
Atualmente, o Museu é considerado um verdadeiro ateliê artístico, onde diferentes artistas da periferia se reúnem, promovendo uma oportunidade de intercâmbio e aprendizagem, em tradições, narrativas orais e herança cultural expressas através da música, poesia, artes visuais e outras manifestações culturais. Depois de permanecer um tempo fechado em razão da pandemia, o espaço foi retomando suas atividades presenciais aos poucos e agora, nos dias 14 e 15 de abril, realiza sua reabertura oficial com uma série de atrações como apresentações musicais, batalha de rimas, dança e intervenções artísticas a serem feitas em tempo real por artistas urbanos.
 
Além de tudo isso, a reabertura ainda contará com a presença de profissionais da saúde da UBS – Jardim Germânia, no dia 14, das 14h às 16h, para aferição de pressão e realização de testes rápidos, como de HIV, Sífilis e Hepatite, com todos os participantes interessados.
 
De acordo com o músico-educador Luís Vitor Maia, fundador do espaço Museu do Inusitado, tais ações serão significativas para ampliar o acesso às produções culturais pelos moradores das comunidades locais, além da oportunidade de realizar exames tão importantes e fundamentais para a manutenção de uma vida saudável. “Diante da correria do dia a dia e do tempo demandado para a realização desses testes, muitos acabam descuidando da própria saúde.”

Luís Vitor está feliz e esperançoso com a reabertura oficial do Museu, pois o espaço voltará a proporcionar semanalmente pontos de encontro e articulações de diversos coletivos e movimentos culturais. O local ainda disponibiliza equipamentos de som, computadores e mais de 30 instrumentos musicais para práticas e interações artísticas de seus frequentadores. “Por terem nascido ou morarem na região, todos os membros do nosso coletivo a conhecem muito bem, o que facilita nosso trabalho de transformação para levar cultura aos locais não contemplados pelos poderes público ou privado.”

Para o músico-educador, a possibilidade de oferecer instrumentos no Museu foi pensada justamente diante da dificuldade de muitos músicos ou interessados em música, de regiões periféricas, em conseguir adquirir os instrumentos musicais necessários e, assim, interromperem seus sonhos. “Aqui no Museu, eles podem voltar a sonhar e até mesmo ter a oportunidade para iniciar ou alavancar a carreira.”
 
O musicista Isnar Filho também ressalta a importância de espaços como o Museu do Inusitado para ampliar o acesso populacional à cultura, além de ser uma grande oportunidade para artistas que desejam iniciar sua carreira e não possuem estrutura. Atuante na música desde os 9 anos, Isnar desenvolveu um projeto por meio de sua banda Som Tropical, que consistiu em transformar a garagem de sua casa em um local destinado a ensaios, gravação e apresentação de artistas. “Meu objetivo é contribuir com a população da região periférica local, situada no extremo sul da capital paulista, e que não possui estrutura ou opções culturais para tais apresentações. Também realizamos uma parceria com o Museu, a fim de fortalecer essas ações. ”
 
Projetos desenvolvidos por Isnar e Luís Vitor são exemplos de descentralização cultural nesse processo de valorização das regiões periféricas, transformando esses locais em pontos de encontro e convivência para a população local por meio de múltiplas linguagens artísticas, como aponta o artista urbano Rafael Murayama, conhecido como Nave Mãe, que fará uma intervenção no dia 15/04. “Para mim é uma honra participar desse momento”, afirma.
 
Reabertura do Museu do Inusitado*
 
Programação:
 
Dia 14/04
 
10h – Intervenção do artista urbano Bonga Mac
 
14h – Apresentação musical – Cidy Ferreira
 
14h às 16h – ação da UBS – Jardim Germânia de aferição de pressão e testes rápidos.
 
Dia 15/05
 
10h – Café
 
10h30 – Início das intervenções artísticas por meio do graffiti
 
11h – Abertura Musical – Pedro Zaia – Samba de Almoço
 
12h – Grupo Capoeira Recomeçar
 
13h – Intervalo / Almoço
 
14h – Batalha dos Bons – eliminatórias
 
14h – Maria Carolina – Violinando
 
16h – Na Peleja
 
17h – Fenix Crew
 
18h – Batalha dos Bons
 
Local: Rua Rosa Honória de Jesus, 40, Capão Redondo
 
* Ação realizada pelo Edital de Apoio a Projetos Culturais de Múltiplas Linguagens – 2ª edição
 
Sobre as atrações:
 
Batalha dos Bons – iniciou em 14 de setembro de 2022 pelo Coletivo Monstro, formado por Notorius Buga, DJ Rick e Mano Favela com o intuito de promover e lançar novos artistas e MCs no cenário da música.
 
Centro Cultural e Educacional de Capoeira Recomeçar - projeto voltado para a educação cultural dentro da comunidade Alto do Riviera desde o ano 2000 até os dias de hoje. Responsável por manter viva as raízes e tradições afro-descedentes aos seus praticantes.
 
Cidy Ferreira – cantora e compositora. Há 8 anos vem atuando na música, engajada no fortalecimento da arte periférica, principalmente na dimensão musical. Integrante do Coletivo Sarau Canto de Encontro, realizado no Instituto Favela da Paz.
 
Fenix Crew – nenhuma liberdade é maior do que a de uma mulher que descobre a força que tem. Trata-se de um grupo de mulheres que defende a sua dança e as regras de seu corpo! “Somos livres, somos independentes e somos fortes!”
 
Mari Carol – violinista clássica, mas também de vários estilos. Estudante, professora de música, parceira em outras contribuições com o Museu do Inusitado. Já participou de séries de Streamming, gravações profissionais, orquestras e pequenos conjuntos.
 
Na Peleja – projeto musical criado pelo compositor, performer, professor e produtor cultural Tiago Salis. O projeto aborda a temática da experiência andante e quixotesca, explorando em canções próprias os diversos ritmos populares brasileiros.
 
Pedro Zaia - músico e compositor, formado pela Emesp em violão clássico, dedica parte do repertório à obra de Chico Buarque, outra parte às autorais e, nas noites de São Paulo, apresenta um repertório de Música Popular Brasileira.
 
Sobre os artistas urbanos:
 
Amxnda Monte - artista visual independente e multidisciplinar, moradora do Capão Redondo. Revolta, orgulho e pertencimento são alguns dos temas que nortearam sua caminhada e refletem no conceito e desenvolvimento dos seus trabalhos ainda hoje.
 
Beto Silva - graffiteiro, ilustrador, quadrinista, educador. Iniciou suas aventuras no graffiti pelas ruas de São Paulo em 1999. Contribui desde então para a disseminação da arte e cultura em locais públicos através de suas pinturas com temas de cunho político social
 
Bonga Mac – desenvolve uma série de projetos de incentivo e difusão da cultura hip hop e arte urbana para um público diversificado. Entre suas diversas atuações, ele é conhecido pelas intervenções artísticas realizadas no Brasil e no exterior.
 
Curió - Iniciou sua trajetória no Graffiti em 2010 por influencias dos amigos de sua quebrada situada no distrito do Jd Ângela na zona sul de são Paulo, desde então passou fazer pesquisa e estudos de artes para desenvolver técnicas e aperfeiçoamento em seus trabalhos com o objetivo de buscar uma identidade artística.
 
Daniel Odel - grafiteiro e arte-educador residente do distrito do Jd. Ângela da Zona Sul de São Paulo e graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Uniítalo Brasileiro em 2014. Teve seu primeiro contato com o grafite em meados de 2006 na sua "quebrada" através de projetos sociais oficina de hip-hop no Projeto NSE-RAC (Redescobrindo o Adolescente na Comunidade) 
 
Her - graffiteiro, assistente, oficineiro e produtor na empresa Her Produções Artísticas. Atua desde 1998 em todas as vertentes do Graffiti, na rua, nas telas, em projetos grandes como empresas e grandes exposições.
 
KB Street Art - graffiteiro, aborda temáticas dialógicas, com canal dual de relação com expectador, utilizando varais técnicas de pintura e abordagem artística, com promoção de uma linguagem viva com os muros, utilizando espaços subutilizados como canal de aproximação e humanização da rotina das pessoas.
 
Loredana Surreal - multiartista, curiosa pelas artes desde cedo. Idealizadora da House of Surreal, laboratório livre de multimídia
 
Nave Mãe - Giz de cera, tijolo, carvão, neutrol e impulso natural foram os materiais necessários para que Rafael Murayama, artisticamente conhecido como Nave Mãe, começasse a sua trajetória na arte urbana e artista visual. Suas obras estão em diversas cidades do Brasil e no exterior representando a produção artística brasileira.
 
Nuvem Nuvem - Veronica Nuvem é designer gráfica, artista visual autodidata e graffiteira. Desde 2006 desenvolve sua pesquisa artística utilizando linguagens da arte urbana. Além de seu trabalho autoral é idealizadora de dois mapeamentos pioneiros no cenário da arte urbana, o "Graffiteiras Indígenas" e "Sapatão das Tintas".

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