A busca pela perfeição estética cresce exponencialmente, impulsionada pelas redes sociais e celebridades. Entre os procedimentos mais procurados está a harmonização facial, que promete contornos definidos e rejuvenescimento. Entretanto, o uso do polimetilmetacrilato (PMMA), preenchedor definitivo amplamente utilizado, tem gerado preocupações. A recente solicitação do Conselho Federal de Medicina (CFM) para proibir essa substância reacendeu debates após três mortes confirmadas no Brasil. Isso nos leva a refletir sobre os limites entre estética e segurança.
O PMMA é um preenchedor permanente, o que significa que não pode ser degradado. Embora isso o torne atraente, é também sua maior desvantagem. Complicações, como inflamações crônicas, granulomas e necrose tecidual, podem surgir meses ou anos após a aplicação, e sua remoção é possível apenas com cirurgia invasiva.
O PMMA é utilizado também em preenchimentos corporais, como aumento de glúteos e coxas, que exigem grandes volumes. Quando aplicado em clínicas não regulamentadas ou por profissionais sem capacitação, os riscos aumentam exponencialmente, como evidenciado pelos casos recentes que levaram o CFM a pedir sua proibição.
Apesar das críticas ao uso indiscriminado do PMMA, ele não pode ser tratado como um vilão absoluto. Em contextos médicos específicos, a substância desempenha um papel importante. Pacientes com HIV positivo frequentemente sofrem de lipoatrofia facial, caracterizada pela perda severa de gordura no rosto devido a tratamentos antirretrovirais. Nesses casos, o PMMA ajuda a restaurar o volume perdido, proporcionando melhora estética e autoestima.
Quando bem indicado e aplicado por profissionais capacitados, o PMMA pode ser seguro e benéfico. O problema reside no uso puramente estético, muitas vezes sem critérios adequados, em situações em que preenchedores mais seguros, como o ácido hialurônico, seriam mais indicados.
No Brasil, apenas médicos e dentistas estão autorizados a aplicar PMMA. Outros profissionais da saúde que atuam com estética, como biomédicos, farmacêuticos, fisioterapeutas e enfermeiros estetas, podem realizar procedimentos estéticos minimamente invasivos, mas somente com preenchedores semipermanentes, como o ácido hialurônico, desde que habilitados por seus conselhos profissionais.
A popularidade da harmonização facial reflete uma pressão social por padrões de beleza muitas vezes inatingíveis. Isso leva muitos a buscar procedimentos baratos e rápidos, negligenciando os riscos envolvidos.
A conscientização é crucial. É fundamental que as pessoas compreendam os perigos do uso indiscriminado de substâncias como o PMMA e optem por profissionais qualificados e clínicas regulamentadas. Além disso, a busca pela beleza deve ser equilibrada, priorizando sempre a saúde.
Embora o PMMA tenha aplicações legítimas, seu uso na estética deve ser criterioso. Afinal, a verdadeira estética não sacrifica a segurança em nome da perfeição.
*Nathaly Dziadek é biomédica com especialista em biomedicina estética, professora e coordenadora do curso de bacharelado em Biomedicina na UNINTER.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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