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Especialista em economia internacional avalia o impacto da crescente entrada de produtos chineses no Brasil

Cenário preocupa sobretudo setores de aço, calçados e automóveis, que sentem os efeitos da competitividade agressiva

ANDREIA SOUZA
25/04/2025 12h04 - Atualizado há 15 horas
Especialista em economia internacional avalia o impacto da crescente entrada de produtos chineses no Brasil
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Empresários e entidades do setor industrial brasileiro estão demonstrando crescente apreensão com o aumento das importações de produtos chineses, que vêm pressionando a produção local e ameaçando o avanço de investimentos no país. O movimento é visto como uma possível “avalanche” de itens vindos da China, com potencial para causar desequilíbrios em diversos setores da economia nacional.

Em um documento divulgado pela Casa Branca, o governo do presidente Donald Trump reconhece que algumas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses podem chegar a até 245%. Esse número inclui cerca de 125% referentes a medidas de retaliação mútua, 20% ligados à crise envolvendo o fentanil, e até 100% de impostos adicionais sobre determinados produtos — embora o governo americano não tenha especificado quais bens estão sujeitos à alíquota máxima mencionada.

O cenário preocupa principalmente setores como o de aço, calçados e automóveis, que já sentem os efeitos da competitividade agressiva dos produtos asiáticos. Segundo líderes industriais, os fabricantes chineses operam com forte apoio estatal e políticas voltadas para a exportação em massa, o que compromete as condições de concorrência.

A preocupação se intensifica à medida que a guerra comercial entre China e Estados Unidos ganha novos capítulos. Nos últimos anos, os EUA vêm adotando uma série de medidas protecionistas contra produtos chineses, como tarifas elevadas e restrições tecnológicas, o que tem levado Pequim a buscar novos mercados para escoar sua produção. Nesse contexto, países como o Brasil tornam-se alvos naturais para o redirecionamento dessas exportações.

Segundo Luciano Bravo, CVO da  Inteligência Comercial, os fabricantes chineses operam com forte apoio estatal, custos subsidiados e políticas agressivas de exportação, o que compromete gravemente as condições de concorrência. A prática, muitas vezes classificada como "dumping", reduz artificialmente os preços dos produtos, dificultando a sobrevivência de empresas brasileiras no mercado doméstico.

O impacto pode ser ainda mais profundo. Estimativas da Coalizão Indústria indicam que até R$ 500 bilhões em investimentos planejados para os próximos anos podem ser adiados ou cancelados caso o Brasil não adote medidas eficazes para equilibrar a balança competitiva.

Luciano Bravo, CVO da Inteligência Comercial, destaca que o problema não está apenas na competitividade dos produtos chineses, mas também nas limitações enfrentadas pelo Brasil para fomentar sua própria indústria.

“Enquanto a China financia a inovação e a infraestrutura com crédito abundante e barato, o empresário brasileiro lida com juros elevados e dificuldade de acesso a financiamento. Isso compromete o nosso potencial produtivo e nos torna vulneráveis a ondas de importação”, afirma Bravo.

Segundo Bravo, a diferença de políticas públicas voltadas à industrialização é gritante. “Lá fora, a indústria é uma prioridade estratégica. Aqui, ainda lutamos para tirar burocracias do caminho e melhorar a previsibilidade para quem investe”, completa.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também entrou no debate, defendendo reformas estruturais que fortaleçam o ambiente de negócios. A entidade sugere ações que vão desde a simplificação tributária até investimentos em logística e infraestrutura, elementos essenciais para tornar o produto nacional mais competitivo dentro e fora do país.

Diante desse panorama, especialistas alertam para a necessidade de um plano de ação articulado. A manutenção de empregos e o crescimento da indústria dependem diretamente da capacidade do Brasil de enfrentar esse desafio com agilidade e estratégia.


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Andreia Souza Pereira
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