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Cirurgia bariátrica exige abordagem multidisciplinar para garantir resultado duradouro, alertam especialistas

Cirurgião, nutricionista e psicóloga explicam como o sucesso da operação depende do cuidado físico e emocional

AMANDA SILVEIRA
15/07/2025 18h36 - Atualizado há 7 horas
Cirurgia bariátrica exige abordagem multidisciplinar para garantir resultado duradouro, alertam especialistas
A psicóloga Karine Brock, o cirurgião bariátrico Dr. Victor Cangussu e a nutricionista Elisa Lobo
A cirurgia bariátrica tem sido uma aliada importante no tratamento da obesidade, doença crônica que afeta milhões de brasileiros e está associada a diversas comorbidades, como diabetes, hipertensão e apneia do sono. No entanto, especialistas alertam que a operação, por si só, não resolve o problema: o sucesso a longo prazo depende de mudanças profundas nos hábitos, no comportamento e no estado emocional do paciente.
Segundo o cirurgião bariátrico, Dr. Victor Cangussu, a indicação da cirurgia segue critérios estabelecidos: pacientes com índice de massa corporal (IMC) acima de 40, ou entre 35 e 40 com doenças associadas, já são considerados aptos. “Desde maio de 2025, também passaram a ser elegíveis pacientes com IMC entre 30 e 35, desde que apresentem comorbidades graves. É uma ampliação importante nas indicações”, afirma.
Entre os tipos de cirurgia mais realizados estão a gastrectomia vertical (sleeve) e o bypass gástrico. “A escolha depende de fatores clínicos, histórico de saúde e da preferência do paciente, que deve ser envolvido ativamente na decisão”, explica Cangussu.

Mas, o procedimento cirúrgico é apenas uma etapa. De acordo com a nutricionista ortomolecular e especialista em epigenética Elisa Lobo, o cuidado nutricional deve começar antes da cirurgia e se estender indefinidamente. “É preciso identificar carências nutricionais, personalizar suplementos, prevenir perda muscular, garantir uma boa absorção de nutrientes e estimular o funcionamento correto do organismo. Mais do que comer bem, o paciente precisa absorver bem o que consome”.
Além dos efeitos físicos, a saúde mental do paciente também exige extrema atenção. Para a psicóloga cognitivo-comportamental Karine Brock, a cirurgia muda o corpo, mas não altera automaticamente os padrões mentais e emocionais ligados à alimentação. “Quando o estômago volta a aceitar comida normalmente após a cirurgia, o paciente pode voltar a usar a comida como forma de lidar com sentimentos difíceis — ansiedade, tédio, frustração. Ou seja, a cirurgia altera o estômago, mas não muda automaticamente as crenças, os hábitos ou os padrões emocionais. É por isso que a terapia é fundamental tanto no pré quanto no pós-operatório, enfatiza a profissional.
A abordagem da terapia cognitivo-comportamental tem como foco identificar os gatilhos emocionais e cognitivos que levam ao comportamento alimentar desajustado.  De acordo com Karine Brock, com a terapia, o paciente aprende a manter uma rotina estruturada, a lidar melhor com frustrações e emoções difíceis, a desenvolver autocontrole e a fortalecer sua autoestima e autoeficácia, ou seja, a crença de que ele pode manter o resultado com autonomia.
Ela também chama atenção para a possibilidade de substituição de vícios. “Se não tratarmos a raiz do comportamento alimentar disfuncional, o vício pode apenas mudar de lugar. Já vimos muitos casos em que a comida dá lugar ao cigarro, álcool, compras, sexo ou até drogas. Por isso, a terapia ajuda a reconfigurar a relação do paciente com o prazer, o alívio emocional e a autovalorização — sem que ele precise recorrer a compensações prejudiciais”, alerta.
O trio de especialistas reforça: a cirurgia bariátrica não é uma solução mágica, mas sim um ponto de partida para uma transformação integral de estilo de vida, que precisa ser sustentada por orientação médica, nutricional e psicológica contínua.
 

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AMANDA MARIA SILVEIRA
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