O luto além da morte e o luto invisível: Quando a dor não encontra reconhecimento
O luto é subjetivo, o sofrimento é real: Por que não podemos ignorar a perda de emprego, relacionamentos ou pets
YARA ROCCA - ASSESSORA de IMPRENSA
03/11/2025 14h15 - Atualizado há 1 semana
arquivo pessoal
O luto é uma experiência humana universal, intrinsecamente ligada à perda. No entanto, sua manifestação vai muito além da morte de um ente querido, abrangendo o fim de relacionamentos, a perda de um emprego, a mudança de um estilo de vida e até mesmo a despedida de um animal de estimação amado. A psicóloga Cristina Laubenheimer destaca que o luto é um processo desencadeado por qualquer perda significativa, e sua complexidade reside na subjetividade de cada indivíduo. A sociedade moderna, com sua incessante busca por produtividade e rápida recuperação, muitas vezes negligencia a necessidade de um tempo de elaboração para o luto. Essa pressão para "seguir em frente" transforma um processo natural em um fator de risco para a saúde mental, especialmente quando o luto se torna invisível ou complicado. A Subjetividade do Luto: Rompendo com as Fases A discussão sobre o luto desafia a rigidez das tradicionais cinco fases, reforçando que o processo é profundamente subjetivo e multifacetado. Não existe um manual ou um tempo exato para o sofrimento. O que é necessário é reconhecer e validar a dor individual. “O luto é subjetivo. O que se perdeu para o outro é o que vale. A gente tem que respeitar a subjetividade de cada um, porque cada um tem o seu tempo de luto,” explica Cristina. O principal objetivo do processo de luto saudável é permitir que a dor se transforme em saudade. Quando esse processo é interrompido ou negado, a dor se cristaliza, abrindo caminho para formas mais complexas de sofrimento. O Luto Complicado e o Luto Invisível: Duas faces da dor não reconhecida A psicóloga alerta para os perigos de não se permitir viver o luto de forma adequada. A falta de elaboração e a banalização do sofrimento podem ter consequências sérias, como o desenvolvimento de um luto patológico ou complicado. “A gente tem que ter um tempo para o luto. Se não, a falta de elaboração pode levar a um luto patológico, que pode culminar em depressão,” adverte a especialista. Além do luto complicado, existe o luto invisível, ou não reconhecido. Ele surge quando a sociedade ou o próprio indivíduo não valida a perda, dificultando o processo de elaboração. Isso pode acontecer, por exemplo, em casos de aborto espontâneo, perda de uma amizade profunda, luto por uma pessoa que não era parente próximo, ou até mesmo o luto antecipatório de doenças crônicas. O indivíduo sente a dor, mas não encontra espaço ou permissão para expressá-la, muitas vezes porque a perda não é considerada "suficientemente importante" pelos outros. Como identificar o luto invisível ou complicado: - Duração prolongada e intensidade da dor: A tristeza é persistente e avassaladora, dificultando o retorno às atividades cotidianas por um período muito superior ao esperado.
- Sentimentos de vazio e falta de sentido: Perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, sensação de que a vida perdeu o propósito.
- Problemas de saúde física e mental: Dificuldade para dormir, alterações no apetite, ansiedade, depressão, irritabilidade e até mesmo somatizações.
- Isolamento social: Afastamento de amigos e familiares, dificuldade em se conectar com outras pessoas.
- Preocupação excessiva com o objeto da perda: Pensamentos constantes e intrusivos sobre o que foi perdido.
- Negação ou evitação persistente: Recusa em falar sobre a perda, ou tentativa constante de se distrair para não pensar nela.
- Dificuldade em aceitar a realidade da perda: Sensação de que a perda não é real, mesmo após um tempo considerável.
- Ausência de apoio social: Sentimento de que ninguém entende ou valida a dor, especialmente no caso do luto invisível.
O Tratamento do Luto Complicado e Invisível: O tratamento para o luto complicado e invisível exige uma abordagem empática e especializada. É fundamental que a pessoa possa expressar sua dor sem julgamentos e sinta que sua perda é validada. - Terapia Individual: A psicoterapia, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Meio dos Movimentos Oculares) e Brainspotting, pode ajudar a identificar e reprocessar as memórias traumáticas associadas à perda.
- Grupos de Apoio: Compartilhar experiências com outras pessoas que vivenciaram perdas semelhantes pode proporcionar um senso de pertencimento e reduzir o isolamento.
- Mindfulness: Técnicas de atenção plena podem auxiliar na gestão da ansiedade e no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento.
- Respeito ao Tempo Individual: É crucial entender que não há um prazo para o luto. O tratamento visa acompanhar o indivíduo em seu ritmo, ajudando-o a transformar a dor em saudade e a reconstruir um novo sentido para a vida.
O contraste entre as práticas antigas, que reservavam um período claro para o luto (como o uso de vestimentas pretas), e a exigência atual de rápida recuperação destaca a necessidade urgente de a sociedade dar espaço e respeito ao sofrimento individual, sem apressar ou minimizar as perdas de cada um, reconhecendo que a dor, mesmo quando invisível, é real e precisa ser cuidada. Para contratar apoio psicológico para tratar lutos basta enviar um e-mail para: [email protected] Sobre a psicóloga Cristina Laubenheimer Cristina Laubenheimer é Psicologa Clinica. especializada em Terapia Cognitivo Comportamental; em terapia sistêmica de casal e familia; Terapeuta de trauma formada em EMDR e Brainspotting, Formação em DBT( Terapia Comportamental Dialetica), Mindfullness. Coach Pessoal e Profissional. Ela também é Consultora e Palestrante de Estresse
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YARA LUMENA FERREIRA ROCCA
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FONTE: Yara Rocca