Dezenas de famílias de criadores/as de cabras e ovelhas das comunidades de Lagoa do Meio e Cachoeirinha, distrito de Massaroca, interior de Juazeiro (BA), estão experimentando um cultivo consorciado de várias espécies de plantas utilizadas na alimentação desses animais que representam a base da economia dessas famílias sertanejas.
Em uma área coletiva, situada em Cachoeirinha, as famílias decidiram plantar, em mutirão, sorgo, leucena, moringa, além de outras espécies como gliricídia e mandacaru sem espinhos. A novidade é que essas plantas nativas ou adaptadas à caatinga estão sendo irrigadas por um sistema de gotejamento que funciona a partir de um bomba elétrica alimentada por energia solar. A água bombeada é oriunda de uma barragem comunitária no entorno da área.
“Esse projeto tá trazendo uma grande variedade de forragem pra gente fazer silagem e feno para alimentar os animais no período da seca (...). Aqui em Cachoeirinha já tem família fazendo queijo e doces porque até no verão os animais aqui são bem alimentados”, disse Seu Pedro Duarte Conceição, líder e animador da comunidade, que participou do plantio das forragens.
A jovem Daiane Souza, que integra a equipe do Instituto Regional da Pequena Agropecuária – Irpaa, entidade que presta assessoria técnica para o Pró-Semiárido na região, faz acompanhamento técnico junto às famílias e lembrou que o cultivo é feito de forma agroecológica e adubado com estercos dos animais criados pelas comunidades. Segundo a técnica, o grande objetivo do plantio coletivo é permitir que as famílias tenham alimentos suficientes para os animais o ano inteiro e não precisem comprar ração, além disso devem cultivar essas plantas também nas propriedades de cada família.
O agrônomo Victor Leonan, Técnico de Desenvolvimento Produtivo do Serviço Territorial de Apoio a Agricultura Familiar (SETAF) de Juazeiro, destacou a importância da comunidade apontar uma pessoa de referência para articular as atividades relacionadas às melhorias da área do cultivo porque o projeto, por ser experimental, precisa de uma atenção especial.
Para Ademilton Rodrigues, Agente de Comunitário Rural (ACR), que também atua na comunidade de Cachoeirinha, o plantio de espécies diferentes de forragens fará com que as famílias conheçam mais as variedades e o potencial forrageiro que tem a caatinga: “Estamos provocando um choque de realidade porque vamos conhecer muitas outras plantas que vão melhorar a criação, principal atividade das pessoas que vivem nessas comunidades”, disse Ademilton.
O investimento que está viabilizando esse sistema chegou à comunidade por meio do Projeto Pró-Semiárido, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR). Os recursos do Projeto são frutos de Acordo de Empréstimos entre o Governo da Bahia e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).