A osteopatia é uma técnica bastante antiga, com origem no século XIX, aplicada inicialmente pelo médico Andrew Taylor Still. Hoje, já é uma opção muito procurada por adultos para tratamentos diversos, com abordagem terapêutica do corpo e de suas dores. O que ainda é relativamente novo na área é a osteopatia pediátrica, voltada para recém-nascidos e crianças de todas as idades.
O objetivo principal da técnica é equilibrar o sistema de funcionamento do corpo humano, entendendo a anatomia e a fisiologia do recém-nascido ou da criança, que é muito diferente de um adulto.
Segundo o Dr. Felipe Augusto, fisioterapeuta especialista em osteopatia, é fundamental respeitar o tempo do paciente e enxergá-lo por inteiro. “Nós não trabalhamos na consequência do problema, nós buscamos as causas, que geralmente não estão no mesmo local da dor. O que a gente faz é mostrar para o corpo o que está em desequilíbrio. A partir disso, ele mesmo tem a capacidade de produzir substâncias anti-inflamatórias, para que aquele problema seja reparado/cicatrizado o mais rápido possível. É o que a gente chama de ‘lei da autocura’. A gente acredita e respeita muito isso”, explica o especialista.
A grande diferença dessa técnica para outras é que, como o fisioterapeuta utiliza o toque para trabalhar, isso traz um estímulo e um conforto a mais para criança, o que favorece a busca pelo equilíbrio.
A Maria Rosa dos Santos é mãe da Camila, de cinco anos. A menina tem um refluxo muito severo desde bebê e, como consequência, fica doente, com problemas respiratório, frequentemente. Por anos, ela fez tratamentos com antibióticos, mas não apresentou sinais de melhora.
Por indicação de uma amiga, a Maria levou a filha à clínica do Dr. Felipe e começou o tratamento de osteopatia na Camila há, aproximadamente, um ano e meio. Logo de início, ela já notou uma grande melhora na saúde da filha.
“Pela primeira vez em cinco anos, ela ficou seis meses sem tomar antibiótico. Foi um grande ganho para a saúde dela. Menos medicamento é sinal de mais qualidade de vida, mais saúde, mais desenvolvimento e até de melhora no crescimento físico. Com isso, até a nossa vida melhorou! Afinal, com o filho bem, a gente fica bem também. O plano de saúde não cobre o tratamento, mas vale muito a pena fazê-lo, pois é um investimento”, afirma a mãe.
Dr. Felipe explica que a quantidade de sessões é variável, de acordo a necessidade e a resposta do corpo. Cada sessão dura, em média, de 20 a 40 minutos, e a mãe pode participar juntamente com o filho. É uma forma até de tranquilizá-la e deixá-la mais segura. “A gente trata a família junto, principalmente a mãe com o bebê, pois essa integração é muito importante. Às vezes, a mulher está estressada e, sem saber, o cortisol passa pelo leite e chega até a criança pela corrente sanguínea. Isso é altamente nocivo e tóxico, deixando-a estressada também. Em casos assim, mãe e filho precisam de ajuda”, completa ele.
De olho nos sinais
Os sintomas são clássicos: insônia, irritabilidade, cólica, refluxo, hiperatividade (em crianças maiores), etc. Isso tudo significa que a criança está desorganizada de alguma forma.
Geralmente, os pais procuram a osteopatia como uma alternativa diferente dos tratamentos convencionais com medicamentos, a fim de melhorar os sintomas apresentados pelo filho. E as causas podem ser variadas.
A compressão de algum osso ou de alguma articulação, por exemplo, pode gerar desconforto, como cólica, dor e irritação. Como os ossos são bastante maleáveis até os sete anos de idade, o fisioterapeuta consegue soltá-los com toques suaves, tirando a descompressão do nervo e, consequentemente, cessando o incômodo.
Outra situação foi muito comum é quando o recém-nascido tem dificuldade de amamentação e a causa pode estar relacionada a algum distúrbio do osso craniano, que está desalinhado. Com as técnicas, é possível melhorar a sucção da criança, fazendo-a mamar normalmente.
Benefícios e evolução
Como consequência, há melhora notável dos sintomas e também do comportamento do paciente. “Quando eu recebo uma criança no consultório, ela está irritada, nervosa e chorando. Quando o tratamento começa, o corpo entra em equilíbrio e, então, ela entende que vai ficar tudo bem. Ela fica mais calma, sem dor, dorme melhor e até a relação com os pais melhora”, reforça o especialista.
Já existem diversos artigos que comprovam a eficácia da osteopatia pediátrica. Se a criança é tratada cedo, a probabilidade de ela desenvolver doenças sérias musculoesqueléticas e viscerais ao longo da vida diminui. Isso impacta até na saúde pública, reduzindo gastos com medicação e internação.
Especialização profissional
A EBRAFIM oferece aos fisioterapeutas osteopatas um curso de capacitação, dividido em dois módulos, de três dias e 20 horas cada. O objetivo do curso é capacitar e qualificar os profissionais, já que há ainda poucas pessoas atuando nessa área.
Além disso, é uma forma de oferecer às famílias uma alternativa de tratamento terapêutico eficaz e saudável.
Por Mayara Tolotti