12/08/2020 às 19h10min - Atualizada em 12/08/2020 às 19h10min
Bahia é único estado do Nordeste a testar vacina contra Covid-19; secretário explica andamento
Atualmente, são testadas vacinas produzida pela empresa alemã Pfizer e pela americana de Oxford. Estado tem acordo com vacina chinesa e aguarda documentos de russos.
Secretário Fábio Vilas-Boas explica andamento de experimentos de vacina contra Covid-19 na Bahia — Foto: Reprodução / TV Bahia
O secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, explicou, em entrevista à TV Bahia nesta quarta-feira (12) como está o andamento dos testes das vacinas experimentais contra a Covid-19 no estado. Atualmente, são testadas vacinas produzidas pela empresa alemã Pfizer e pela americana de Oxford.
"Nós temos aqui na Bahia, hoje, já em andamento, dois protocolos de investigação para vacina de Covid-19. Um no Hospital Santo Antônio, que testam a vacina alemã que foi adquirida pela Phizer. São duas vacinas diferentes. Vamos testar inicialmente mil pacientes. As aplicações começaram ontem, e há uma previsão de poder evoluir até 5 mil sujeitos de pesquisa incluídos nesse estudo. A outra é de Oxford, também americana, sendo testada no [hospital] São Rafael", disse Vilas-Boas.
Nesta quarta, a revista científica "Nature", uma das mais importantes do mundo, mostrou resultados preliminares da vacina das farmacêuticas BioNTech e Pfizer, que apontam que ela induziu uma resposta imune "robusta" e não teve efeitos colaterais graves em voluntários adultos.
Os níveis de anticorpos neutralizantes dos participantes foram de 1,9 a 4,6 vezes maiores do que os de pacientes em recuperação da Covid-19, segundo o estudo. Estes resultados, entretanto, ainda não mostram a eficácia da vacina. Isso será determinado em fase 3 (a última).
Os resultados divulgados são referentes às fases 1 e 2 da pesquisa, que estudam a segurança e começam a determinar a eficácia da vacina. Essas etapas ainda estão em andamento.
Os testes da vacina da Pfizer estão sendo feitos no Hospital Santo Antônio, das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), em Salvador. No Brasil, a imunização da vacina também está sendo testada em São Paulo.
"A vacina que está sendo testada através da parceria com a Osid é uma das quatro já em fase adiantada de pesquisas no país. Das quatro, duas estão sendo aplicadas aqui na Bahia, que é o único estado do norte e nordeste que tem recebido estes testes para a produção da substância que pode imunizar a população brasileira", disse o secretario.
Além dessa vacina contra a Covid-19 testada pela Pfizer, outra, idealizada pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, também está sendo testada no país e voluntários baianos já receberam a dose. O teste é feito em parceria com o Hospital São Rafael.
Negociações com vacinas chinesa
Na sexta-feira (7), o governador da Bahia, Rui Costa, anunciou um acordo com a empresa chinesa Sinopharm para testagem de uma vacina produzida pelos asiáticos na Bahia e nos demais estados do Nordeste.
De acordo com o governador, as tratativas devem ser concluídas na próxima semana e a expectativa é de que a vacina chegue à Bahia em 30 dias.
O secretário Fábio Vilas-Boas explica que o governo iniciou um protocolo, que antecede a submissão do projeto de pesquisa à Comissão Nacional de Ética e Pesquisa e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que as tratativas sejam oficializadas.
"A terceira vacina, que estamos em negociação com a China, com a Sinopharm, na verdade, são duas vacinas. Nove mil sujeitos de pesquisa, 3 mil para vacina, 3 mil para balanço e 3 mil para controle com placebo. Essa negociação começou semana passada, nós já assinamos um memorando de entendimento. Um acordo de confidencialidade".
"Já estamos estruturando o Centro de Pesquisa do Couto Maia para que seja o centro coordenador, iremos envolver os noves estados do consórcio, e distribuir essas 9 mil doses por todos os estados", concluiu.
Interesse na vacina russa
Fábio Vilas-Boas informou que o governo baiano entrou em contato com a Rússia, mostrando interesse na vacina que está sendo estudada no país. Entretanto, o secretário afirma que as conversas não evoluíram por falta de estudos.
"Nós tivemos um contato com representantes do governo russo e manifestamos nosso desejo de ter acesso à fase 3 dos estudos da vacina. De lá para cá, a gente não evoluiu. Estamos aguardando o envio de todas as documentações e estudos. Sem isso, a gente não tem como avançar", disse.
A vacina russa é questionada pela comunidade internacional porque se sabe pouco sobre sua eficácia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que sejam realizadas três etapas de testes.
Segundo a atualização mais recente da Organização Mundial de Saúde (OMS), no dia 10 de agosto, sobre as vacinas contra a Covid-19 em desenvolvimento no mundo, a vacina russa ainda estava na fase 1 dos testes. O desenvolvimento de uma vacina prevê 3 etapas.
Na terça (11), a OMS comentou o anúncio da vacina russa. A entidade declarou que a Rússia "não precisa de sua aprovação" para registrar a vacina, e que precisará ter acesso aos dados da pesquisa para avaliar a eficácia e segurança da imunização para aprová-la.
"Nós também estamos aguardando os resultados dos estudos. Nós não podemos nos envolver com um projeto de pesquisa, ou aquisição de produto, que não existe nenhuma publicação na literatura científica internacional", concluiu o secretário da Saúde da Bahia Fábio Vilas-Boas.