Desde o início deste ano, alunos matriculados nas escolas das redes municipal e estadual, técnica e particular de Ribeirão Preto, bem como seus professores, se preparam para a 21ª edição da FIL – Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, através do Combinando Palavras - projeto socioeducativo que fomenta o acesso à literatura e a prática da leitura para estudantes de diferentes faixas etárias. A ação faz parte das atividades de formação da feira desde 2017. Neste ano, a FIL acontece de 20 a 28 de agosto, no formato híbrido – com atividades para o público presencial e outras transmitidas pela internet (ao vivo).
Com foco na educação e no valor da leitura para a capacitação pessoal e identidade cultural, a Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, organizadora da FIL, vem desenvolvendo com as escolas participantes do Combinando Palavras oficinas de didáticas pedagógicas e atualização da obra dos nove autores brasileiros que estarão ao vivo na feira neste ano: Ryane Leão, Cristiane Sobral, Olívio Jekupé, Eliana Alves Cruz, Ferréz, Luiza Romão, Daniel Munduruku, Eduardo Spohr e Luiz Puntel.
O objetivo das oficinas é agregar referências aos professores que estimulam as produções autorais dos alunos em sala de aula. Os trabalhos serão apresentados aos escritores durante um encontro especial e presencial na Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto. “É uma forma de promover o abraço de quem escreve com quem lê, principalmente neste ano, que estaremos reunidos novamente no formato presencial”, explica Adriana Silva, curadora da 21ª FIL e vice-presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto. “É, sem dúvida, um projeto que, além de diversificar situações de ensino e aprendizagem, torna os alunos protagonistas”, complementa.
Educação também é o foco da FIL O Combinando Palavras é um projeto anual que auxilia no desenvolvimento das habilidades artísticas dos alunos participantes, como a própria escrita criativa, a música, a dança e a arte, além de capacitar os professores envolvidos. Desde 2017, em suas quatro edições, o projeto já atendeu mais de 30 mil alunos, cerca de 300 professores de 220 escolas de 14 cidades da região de Ribeirão Preto. Este é o principal projeto de formação de leitores da Fundação do Livro e Leitura e conta com números expressivos: 29 escritores já participaram do Combinando Palavras, ou seja, já foram lidos e estudados.
Além dos encontros presenciais direcionados aos professores e realizados durante este primeiro semestre, a Fundação do Livro e Leitura oferece uma potente ferramenta pedagógica para auxiliar professores e alunos: o site Livro Vivo. Trata-se de uma plataforma digital que centraliza propostas pedagógicas, informação sobre os autores e sua obra, videoaulas e outros conteúdos que servem de apoio a todas as etapas do projeto. “De forma gratuita, a plataforma oferece vídeos, textos, entrevistas, jogos e vídeo aulas, além de uma área exclusiva para professores – o Baú de Ideias - com propostas pedagógicas desenvolvidas, exclusivamente, para o projeto”, explica Adriana Silva.
Para participar do Combinando Palavras, cada unidade escolar se inscreveu para o autor que gostaria de trabalhar. O projeto é uma realização da Fundação do Livro e Leitura e do Sesc, apoiados pela Diretoria de Ensino - Região de Ribeirão Preto, Secretaria da Educação, Fundação Educandário Cel. Quito Junqueira, Adevirp, Marista Escola Social Ir. Rui, ETEC José Martimiano da Silva e Rede Escolar Sesi-SP.
Entre os dias 22 e 26 de agosto, durante a FIL, os alunos terão um contato direto e ao vivo com os autores que estarão presentes nos palcos dos teatros Municipal e Pedro II, em Ribeirão Preto.
Novidade Nesta edição, pela primeira vez o projeto Combinando Palavras será realizado presencialmente em outras cidades. Eduardo Spohr, Cristiane Sobral e Olívio Jekupé visitarão três municípios da região metropolitana de Ribeirão Preto durante a FIL: Franca (no Teatro do SESI), Luiz Antônio e Serrana (nos Teatros Municipais). Lá, os escritores encontrarão os alunos que trabalharam com suas obras durante o primeiro semestre de 2022. Outra novidade é a participação de integrantes da Adevirp - Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto que tiveram contato com as obras do escritor, Luiz Puntel.
Autores Participantes
Cristiane Sobral: Nascida no Rio de Janeiro, escreve peças dramáticas, poemas, contos e crônicas. Foi a primeira atriz negra graduada em Interpretação Teatral pela Universidade de Brasília. Atuou no curta-metragem "A Dança da Espera", de André Luís Nascimento, e em diversos espetáculos teatrais. Estreou na literatura em 2000, publicando textos nos "Cadernos Negros". Foi crítica teatral da revista Tablado, de Brasília. É mestre em Artes (UnB) com pesquisa sobre as estéticas nos teatros negros brasileiros, membro da Academia de Letras do Brasil seção DF - onde ocupa a cadeira 34 e do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal.
Eliana Alves Cruz: jornalista por formação, nasceu no Rio de Janeiro. Como escritora, vem se destacando na ficção, com o romance "Água de Barrela", fruto de cinco anos de pesquisa sobre a história de sua família desde os tempos da escravidão. Empenhada no resgate da memória social e cultural afro-brasileira, escreveu "O crime do cais do Valongo", um romance histórico e policial, com uma instigante narrativa que se inicia em Moçambique e chega até o Rio de Janeiro. É também autora do blog www.flordacor.blogspot.com, com textos voltados para a apreciação do trabalho de mulheres negras brasileiras em diversos campos de atuação.
Ferréz (Reginaldo Ferreira da Silva): nasceu em São Paulo com obras lançadas em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha e EUA. É escritor, roteirista, documentarista e ativista cultural, além de cantor e compositor. Foi colunista da revista Caros Amigos e conselheiro editorial do Le Monde Diplomatique Brasil. Costuma utilizar em suas obras a chamada "literatura marginal". Consagrou-se no universo literário com “Capão Pecado”. Publicou também o romance “Manual Prático do Ódio”, o infantojuvenil “Amanhecer Esmeralda” e o livro de contos “Ninguém é Inocente em São Paulo”.
Olívio Jekupé: nasceu em Novo Itacolomi (PR) e vive na aldeia Krukutu, em Parelheiros (SP). É escritor indígena de literatura nativa do povo Guarani. Iniciou o curso de filosofia na PUCPR em 1988, quando vendia artesanato para custear seus estudos. Também foi professor do Ensino Fundamental. Começou a escrever em 1984. Tem diversos livros publicados. É pai do cantor de rap guarani, Kunumi MC.
Ryane Leão: professora e poeta cuiabana, mora em São Paulo e escreve desde muito jovem. Há mais de 10 anos começou a publicar em blogs e sites e, posteriormente, passou a escrever no Facebook e no Instagram com o projeto "Onde jazz meu coração". Já participou de vários saraus e slams. Atuou também com arte de rua, publicando seus escritos em lambe-lambe. Em 2017, pela editora Planeta, publicou seu primeiro livro "Tudo nela brilha e queima: poemas de luta e amor" – obra que superou 40 mil exemplares e ficou entre as mais vendidas no Brasil e em diversos outros países. Em novembro de 2019, pela mesma editora, lançou seu segundo livro "Jamais peço desculpas por me derramar".
Luiza Romão: Nasceu em Ribeirão Preto, em 1992. É poeta e atriz, autora dos livros “Sangria” (2017) e “Coquetel Motolove” (2014), ambos publicados pelo selo Doburro. Há anos, participa da cena de saraus e slams da cidade de São Paulo. Em 2020, entrou no mestrado em Teoria Literária e Literatura Comparada (na FFLCH/ usp), pesquisando o slam no Brasil. Explora a palavra poética na intersecção com a performance e o cinema.
Daniel Munduruku: escritor indígena, graduado em Filosofia, tem licenciatura em História e Psicologia. Doutor em Educação pela USP. É pós-doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Diretor presidente do Instituto UKA - Casa dos Saberes Ancestrais. Autor de 52 livros para crianças, jovens e educadores, é comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República desde 2008. Em 2013, recebeu o mesmo título na categoria da Grã-Cruz, a mais importante honraria oficial a um cidadão brasileiro na área da cultura. Membro Fundador da Academia de Letras de Lorena. Muitos de seus livros receberam o selo Altamente Recomendável outorgado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
Luiz Puntel: professor de redação e oratória há 35 anos. É também autor de livros de literatura juvenil e de paradidáticos, entre eles "Açúcar Amargo", da Editora Ática, de 1986, da Série Vaga-Lume. É formado em Letras, com especialização em francês, e leciona cursos de Comunicação Verbal. Seu livro “O Grito do Hip Hop” foi indicado ao Prêmio Jabuti de Literatura Juvenil em 2005.
Eduardo Spohr: nasceu no Rio de Janeiro. Formou-se em jornalismo pela PUC-Rio e atuou na área até 2010, quando lançou seu primeiro romance: “A Batalha do Apocalipse”. Em seguida, escreveu a série “Filhos do Éden” e hoje trabalha na trilogia “Santo Guerreiro”.
21ª FIL – Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto A FIL será realizada de 20 a 28 de agosto de 2022, com cerimônia de abertura no dia 19 de agosto, de forma híbrida, ou seja, presencial em vários locais de Ribeirão Preto e transmitida ao vivo através da plataforma oficial da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, organizadora do evento.
Nesta 21ª edição, que tem o tema “Do Caburaí ao Chuí: a força da literatura brasileira”, a FIL contará com diversas atividades artísticas, literárias e culturais, durante 10 dias. Os homenageados são: Ariano Suassuna (escritor), Carolina Maria de Jesus (escritora), Daniel Munduruku (autor infantojuvenil), Magda Soares (autor educação), João Augusto (autor local), Isaac Peres (patrono) e Isabel Cassanta (professora).
A feira consagrou-se como um dos maiores eventos culturais do país: com 21 anos de história e 20 edições realizadas, já reuniu mais de 3 mil escritores e convidados reconhecidos internacionalmente. Nas edições presenciais, a FIL recebe, em média, um público de 183 mil pessoas e já chegou a oferecer mais de 300 atividades por edição, além de atender mais de 15 mil estudantes.
No ano passado, o evento foi realizado em formato 100% digital, em função do avanço do Coronavírus (Covid-19) no país. Nesta primeira edição on-line, alcançou 30 mil pessoas, em 27 países, em 110 horas de programação.
Sobre a Fundação A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos. Com uma trajetória sólida, projeção nacional e agora internacional, ao longo de seus 21 anos, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da FIL, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura, com calendário de atividades durante todo o ano. A Fundação do Livro e Leitura se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.