Com o intuito de disponibilizar informações e promover ações de prevenção ao suicídio, a campanha Setembro Amarelo é organizada no Brasil, desde o ano de 2015, pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O movimento é inspirado no caso de um jovem chamado Mike Emme que, em setembro de 1994, cometeu suicídio nos EUA. Como ele tinha um Mustang 68 amarelo, no dia de seu velório, seus pais e amigos fizeram uma homenagem, distribuindo cartões amarrados em fitas amarelas, com frases de apoio para pessoas que, possivelmente, estivessem lidando com crises emocionais. No dia 10 de setembro, inclusive, é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio segue como uma das principais causas de morte em todo o mundo. Somente em 2019, por exemplo, foram registrados mais de 700 mil casos de suicídio em todo o planeta. Já em um novo relatório científico mais recente, a OMS ressaltou que a pandemia da covid-19 impediu o acesso, de forma significativa, aos serviços de saúde mental sobre a taxa de suicídios, gerando um alerta sobre um possível aumento do comportamento suicida na pandemia.
Além disso, o mesmo relatório trouxe outros dados preocupantes: somente no primeiro ano de pandemia, em 2020, houve um aumento de 27,6% dos casos de transtorno depressivo e 25% dos casos de ansiedade a nível global, reforçando o agravamento de problemas mentais em um período marcado por isolamento social, aumento de mortes por covid, instabilidade econômica e outros problemas gerados pela pandemia. Preocupado com todo esse cenário, o Prof. Rui Caetano Vasconcelos da Silva, coordenador do curso de bacharelado em Teologia da Faculdade de Educação Paulistana (FAEP), localizada na zona noroeste de São Paulo, desenvolveu, no começo de 2021, o projeto
Capelania Universitária.
Trata-se de um serviço de capelania prestado por docentes e discentes do curso de Teologia, bem como para alunos da comunidade e interessados de todo o Brasil. A tarefa consiste em acompanhar a pessoa em seu processo de discernimento de crises existenciais relacionadas a diversas áreas da vida, ajudá-la em seu desenvolvimento humano e espiritual, bem como elaborar um projeto de vida para cada indivíduo, entre outras questões.
Outro aspecto ressaltado pelo Professor Rui é que, embora seja um projeto de Capelania, não está ligado a questões religiosas e todos os alunos, independente de crença ou religião, interessados em se inscrever no projeto como voluntários, podem fazê-lo. Para isso, eles precisarão ter cursado a disciplina Aconselhamento e Capelania, do curso de Teologia, que oferece aos estudantes todo um suporte para que eles saibam acompanhar quem busca ajuda. “No decorrer da disciplina, os alunos aprendem diversas técnicas de aconselhamento, além de questões como aborto, sexualidade, eutanásia, divórcio, crises da terceira idade, casamento, entre outros temas que, provavelmente, abordarão com os aconselhados”, afirma Rui. Em seguida, os interessados participarão de um treinamento com o Professor Rui a fim de que sejam avaliados se estarão aptos para prestar atendimento ou não.
O educador também destaca que o diferencial do projeto é atender a população de modo geral residente em todo o Brasil, já que os atendimentos acontecem de maneira presencial e remota. “Se o indivíduo morar em São Paulo e preferir uma conversa presencial, nós estamos à disposição na instituição para atendê-lo, porém, já oferecemos a opção remota pensando em todos aqueles que residem em outras cidades”, completa o coordenador.
Segundo Rui, os atendimentos são agendados de acordo com a disponibilidade tanto dos voluntários do projeto, quanto dos interessados em ser atendidos. As sessões duram 60 minutos, aproximadamente, e podem ser agendadas mais de uma vez, se for necessário. “Há casos mais complexos em que orientamos as pessoas atendidas a buscar um atendimento psicológico ou psiquiátrico. No entanto, há muitos casos em que os indivíduos se sentem melhores com uma ou duas sessões, afinal, tudo o que querem é ser ouvidos”, explica o professor.
Essa, inclusive, é uma questão bastante ressaltada por Rui com seus alunos durante o treinamento para o projeto. “Seja qual for a técnica de aconselhamento a ser utilizada, o mais importante é ouvir o que o aconselhado tem a dizer, sem qualquer tipo de pré-julgamento ou preconceito, desenvolvendo empatia por ele. Todos devem ser acolhidos.” Outra questão relevante é que, para o aconselhamento, os educandos são orientados a não adentrar no âmbito religioso, já que acompanharão diversas pessoas, incluindo crentes e não crentes. Além disso, como destaca o coordenador, “a função do conselheiro é levar o outro à reflexão, e não dizer a ele o que fazer”.
Desde janeiro de 2021, quando o projeto começou, 86 pessoas já foram atendidas. “Nós tivemos, inclusive, exemplos de indivíduos que se sentiram tão bem com nosso projeto e, agora, desejam ajudar outras pessoas. Eu atendi uma moça que, ao resolver seu problema, se inscreveu em nosso curso de Teologia e pretende ser voluntária do projeto. Isso é muito gratificante”, comemora Rui.
Os interessados em receber atendimento no projeto podem agendar sessão pelo e-mail
[email protected] ou telefone (11) 3564 1256. O atendimento é gratuito.
Website:
https://faculdadespaulistanas.edu.br/