Nos 55 anos de Emancipação Política de Serrolândia, queremos homenagear todos os artistas populares através do nosso cordelista Gervácio Maciel da Cruz, nascido em 03 de novembro de 1924, na Fazenda Formosa, município de Jacobina – Bahia. Frequentou a escola apenas 30 dias, mas foi o suficiente para tornar-se uma pessoa atenta a tudo que se passava em sua volta e mais tarde um escritor de literatura de cordel. Gostava de escrever sobre assuntos que estivessem na mídia, bem como participar de eventos culturais, samba de roda, reisado, quadrilha, festas juninas e etc. Em 2006, apoiado pelo CRIA, publicou 03 de suas literaturas: FAZER VERSO É VOCAÇÃO, A GUERRA DE CANUDOS E LUIZ GONZAGA O REI DO BAIÃO. Escrever versos para ele era uma coisa tão importante que mesmo nos últimos dias de sua vida, diante de tanto sofrimento, ainda cantou alguns para seus netos. Faleceu em 03 de maio de 2008 deixando muitos cordéis que ainda não foram publicados.
É Serrote do passado
É Serrolândia Presente
Deus Pai todo poderoso
Soberano Rei da glória
Me dê saúde e paz
Sabedoria e memória
Falar de Serrote passado
E Serrolândia de agora
01
Não escrevo na história
Falar Tim Tim por Tim Tim
O que eu conheci
De tudo falo um pouquim
Quem quiser procure os dados
Pra saber se foi assim
02
Eu era bem novim
Quando o Serrote conheci
Mil novecentos e trinta
Quando eu cheguei aqui
Sei como foi o passado
E hoje o que tem aí
03
Estou falando o que vi
Lembro quando começou
Foi no ano vinte e nove
E quem primeiro chegou
Gerônimo e Amaro Bispo
Os primeiros que trabalhou
04
Alguma gente se juntou
Começou uma feirinha
Era no dia de domingo
Que o povo aqui vinha
Trazia para vender
Da roça feijão e farinha
05
Outros traziam galinhas
Vendia pra arrumar o tostão
Mamona e licuri
Era grande a produção
Gado, porco, bode, ovelha
Uma boa criação .
06
[...]
Muita coisa ocorreu
Foi abrindo o caminho
Lote de burro acabou
Carro de boi levou fim
Aqui o primeiro caminhão
Era de Zé Góis do Tanquim.
11
O Serrote era assim
Hoje está modificado
Com o decorrer do tempo
Foram formando povoados
Aonde tem o jardim
Era curral de prender gado
12
[...]
Eu lembro tenho saudade
Das noites de oração
O povo se juntava
Fazendo sua devoção
De quando em vez tinha missa
O Padre vinha do Riachão.
17
Justo era o São Cristão
Velho camaradeiro
O Padre era Antonio Dias
Um homem bom conselheiro
Missa era duas vez no ano
No mês de junho e janeiro
18
[...]
Eu não vou ler mais não
Quero lhe agradecer
Minha vontade é ensinar
Para quem quer aprender
Este é meu idioma
O que Deus me deu não toma
Fique sabendo você
22
Gervácio Maciel da Cruz