Recentemente viralizou um vídeo do TikTok, onde uma mulher deixa duas crianças presas em um quarto com a porta fechada, à frente das crianças tem um celular que mostra um ‘fantasma’ – vindo de um filtro do aplicativo -, deixando-as apavoradas e sem ter como sair. Apesar de ser considerado por algumas pessoas “apenas uma brincadeira”, a especialista em Neurociência Comportamental Infantil, Telma Abrahão alerta para as consequências.
“Filhos precisam confiar em seus pais. Papel de pai e mãe é de proteger e acolher seus filhos em momentos de medo, de angústia e não de jogá-los para viver um verdadeiro pânico/terror como nessa situação”, explica ela. “O cérebro da criança entre em estado de alerta, colocando seu corpo no modo ‘luta ou fuga’, o que produz altos níveis de cortisol e adrenalina – hormônios do estresse –, isso dispara uma cascata de reações físicas e emocionais que marcam esse acontecimento por toda a vida”.
De acordo com Telma, não são apenas abusos físicos que traumatizam. “Abuso emocional também está entre as 10 principais causas mais comuns de experiências adversas vividas na infância causadoras de traumas, segundo o maior estudo de saúde pública sobre traumas no mundo, feito pelo Dr. Felitti nos Estados Unidos”.
Para a especialista, se não podemos confiar em nossos pais, não estaremos aptos a confiar em outras pessoas. Relação entre pais e filhos é a base para todas as outras que viveremos ao longo da vida. E essa é a realidade de milhares de adultos que vivem se sentindo ameaçados e desconfiados dentro de suas relações humanas. "O que acontece na infância, não fica na infância. E não está tudo bem achar que isso é uma brincadeira ou engraçado. Se você é um adulto que se diverte com o sofrimento de uma criança, provavelmente você também foi muito ferido quando pequeno e segue replicando o ciclo da dor herdado de tantas outras gerações e nem percebe. O conhecimento transforma e saiba que você pode sim escolher mudar e aprender a fazer diferente!”, declara ela.
Telma Abrahão é mãe de um casal, biomédica, formada há mais de 20 anos e especializada em Neurociência Comportamental Infantil. Idealizadora da Educação Neuroconsciente, uma abordagem educacional que nasceu da necessidade e do desejo de levar conhecimento para todas as pessoas que se relacionam com crianças ou que desejam compreender mais profundamente sobre os impactos da infância na vida e na saúde do adulto, considerando a biologia humana e o desenvolvimento do cérebro infantil para compreender os desafios comportamentais vividos nas relações entre pais e filhos. Autora do best-seller “Pais que evoluem”, agora lança seu segundo livro, “Educar é um ato de amor, mas também é ciência”.