De acordo com as projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo tem hoje 193 países e uma população de mais de 8 bilhões de pessoas. É uma quantidade grande de pessoas, povos, culturas, e interpretações sobre os mais diversos temas: carinho, dinheiro, trabalho e até a morte. Sim, no mundo, existem diversas formas de encarar a partida de um ente querido.
No Brasil, por exemplo, o velório de uma pessoa acontece geralmente no dia seguinte ao da sua morte, salvo raras exceções. Nos Estados Unidos, o evento pode demorar semanas para acontecer e conta com uma série de ritos que os latinos não costumam ter.
Em Gana, na África, os rituais de despedidas envolvem música e dança, celebrando a vida do falecido, não a sua morte. São diversas as interpretações, que merecem ser conhecidas e respeitadas, Veja alguns exemplos:
Gana, na África, segue um rito funerário cheio de alegria. Inclusive, o famoso “meme do caixão”, que viralizou nas redes sociais em 2020, vem de uma gravação de um funeral ganense.
Embora o costume de ter homens dançantes levando o caixão seja particularmente comum, apenas os mais ricos têm condições para contratar o serviço. O objetivo é comemorar a vida do falecido e não focar apenas na tristeza de sua morte.
Também acredita-se que a pessoa deve ser enterrada com signos que lembram sua vida. Por isso, os caixões – que demoram duas semanas para ficarem prontos e devem ser encomendados apenas depois da morte – podem ter formatos inusitados, como de frutas, carros e peixes.
O Dia de Finados do México é quase o equivalente ao Carnaval do Brasil. A relevância do Dia de los Muertos é tanta que virou um símbolo mexicano e ganhou até mesmo uma animação da Disney, vencedora do Oscar, Vida – A Vida é Uma Festa.
Com festas de três dias, as famílias se reúnem com comidas, bebidas e muita dança para homenagear os entes queridos que já se foram. Altares com flores, fotos e a enigmática La Catrina são feitos perto das janelas.
A crença diz que os mortos voltam à Terra nesse dia para visitar os familiares. Por isso, devem ser recebidos da melhor maneira possível.
No Egito, a pessoa deve ser enterrada, no máximo, dentro de 24 horas – e isso deve ser feito antes do pôr do sol. Pela crença muçulmana, não é adequado deixar o corpo longe da terra por muito tempo.
Velas e incenso são acesos no ritual de limpeza para afastar os maus espíritos. O corpo deve ser colocado do lado direito, em direção à Meca, cidade da Arábia Saudita onde nasceu Maomé.
Após a purificação, o cadáver é enrolado completamente em mortalhas, com as pernas amarradas por uma corda. A mão esquerda fica no peito, abaixo da direita.
O caixão serve apenas para transferir o corpo até o cemitério. Quando chega, é enterrado apenas com a mortalha.
Na Turquia, a regra das 24 horas e do pôr do sol também se aplica. O corpo é levado por familiares do mesmo gênero, salvo no caso de filhos e cônjuge. A limpeza é feita de três a sete vezes e depois o cadáver é enrolado em panos brancos, amarrados com quatro cordas.
Antes do sepultamento, ora-se o Salatul Janazah, uma oração fúnebre. Participantes do funeral devem fazer três filas horizontais em direção à Meca, separadas por homens, mulheres e crianças. Todos rezam o primeiro capítulo do Alcorão.
Os nauruanos acreditam que os mortos viram espíritos. A partir daí, começa a jornada Ebwiyeye. O falecido precisa se rastejar, em direção ao pôr do sol, sobre um pináculo de bordas afiadas, mas sem se machucar. Se as árvores no caminho o capturarem, isso significa que ele fez maldades em vida.
Uma pessoa que não foi boa na Terra é rapidamente reconhecida no mundo dos mortos. Sua punição é o eterno constrangimento.
No Haiti, a religião predominante é o Vodu. Após a morte de um haitiano, sua alma é composta pelo gro bonange (anjo bom, força da vida) e o ti bonange (pequeno anjo, essência da pessoa), que fica próximo ao corpo por até nove dias.
Neste período, o ti bonange fica exposto ao ataque de feiticeiros que podem transformá-lo em zumbi. A alma se separa do corpo e passa um ano e um dia vivendo em “águas escuras”. Se neste meio tempo algo der errado, sua alma pode ficar vagando pela Terra e trazer má sorte à família.
Se tudo der certo, a alma é retirada do corpo que está nas águas e colocada em um pote de barro, o govi. A alma é tratada com Deus. Em cerimônias subsequentes, o pote é queimado ou quebrado, liberando a pessoa para viver em paz, até seu renascimento em Lafrik Guiné.
Se a cultura e as políticas do país permitirem, não. É difícil imaginar um brasileiro sendo enrolado em mortalhas, mas isso pode depender das diretrizes do país.
Em alguns lugares, existem cemitérios e casas funerárias que seguem outros costumes. No Brasil, há cemitérios judaicos. Já nos Estados Unidos, mais precisamente em Nova York, há estabelecimentos que seguem os ritos de Gana.
Quando um brasileiro morre no Japão, por exemplo, é quase uma certeza que ele será cremado, visto que o país segue a cremação por questões logísticas, já que o território japonês não tem espaço para enterrar todos os mortos.
Independentemente de como vai ser o funeral, as autoridades devem ser informadas da morte.
Assim, quando um brasileiro morre em outro país, o Consulado Brasileiro da região deve ser contatado o quanto antes.
O óbito pode ser registrado na Repartição Consular da jurisdição do local mediante declaração de um familiar brasileiro, que deve comparecer ao Posto.
A Certidão de Registro de Óbito é feita pelo Consulado, posteriormente transcrita no Cartório do 1º Ofício do Registro Civil do local de seu domicílio ou no Cartório do 1º Ofício do Distrito Federal.
Se desejado, o corpo pode voltar para o Brasil. Para que a administração do aeroporto autorize o embarque, é preciso apresentar o atestado de óbito, laudo médico de embalsamento ou conservação e autorização para remoção do cadáver concedida pela polícia do local da morte.
Recomenda-se contratar os serviços de uma agência funerária, no país do óbito, que tenha experiência com traslados e que possa se encarregar de todos os trâmites. A empresa estrangeira deve ter contatos com uma funerária brasileira, que se responsabiliza pelo resto do processo quando o corpo estiver no Brasil.
Caso a família não tenha recursos, o sepultamento acontece no exterior, seguindo os termos da legislação local, a cargo do Estado estrangeiro.