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30/06/2023 às 14h10min - Atualizada em 02/07/2023 às 00h00min

Censo aponta tendências de queda na população

Dados do Censo 2022 do IBGE mostram um menor crescimento da população, que reduziu o número de filhos e está preferindo se fixar em cidades de médio porte; número de domicílios subiu 34%, mas parte deles não é ocupada

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A cidade de Senador Canedo (GO), uma das que mais cresceram em população


Os brasileiros estão envelhecendo mais, gerando menos filhos e migrando mais para cidades menores. Estas são as conclusões dos primeiros resultados do Censo 2022, que foram apresentados nesta quarta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento demográfico mostrou que o Brasil tem atualmente o total de 203.062.512 habitantes, distribuídos por 90,7 milhões de domicílios, número 6,5% maior que o apurado no último Censo, ocorrido em 2010. 

O acréscimo foi de 12,3 milhões de pessoas no período, mas resultou em uma taxa de crescimento de 0,52%, a menor desde o primeiro recenseamento do país, em 1872. O resultado conseguiu ser menor até que a estimativa da prévia do próprio Censo 2022, divulgada em 28 de dezembro, que foi de 207.750.291 habitantes em mais de 75 milhões de domicílios. 

Uma possível explicação está na queda das taxas de fecundidade da população. Esse dado específico ainda sairá nas próximas etapas de divulgação do Censo, mas pesquisas anteriores já apontavam essa tendência. Segundo o estudo “Fecundidade e Dinâmica da População Brasileira”, elaborado em 2019 pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) com base nos censos anteriores do IBGE, a média de filhos por mulher caiu de 6,28 em 1960 para 1,87 em 2010. 

Segundo o professor e economista Saumíneo Nascimento, doutor em Geografia e vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Tiradentes, o ritmo do crescimento populacional aumentou a partir da década de 1940, com o processo de redução dos níveis da mortalidade e a manutenção dos altos níveis de fecundidade vigentes à época, mas começou a cair duas décadas depois. “No começo dos anos 1960, inicia-se lentamente o declínio dos níveis de fecundidade, e, a partir de 1970, já é possível verificar, por meio dos dados dos Censos Demográficos, a redução do crescimento populacional. As famílias estão tendo cada vez mais menos filhos, e a fecundidade no Brasil está em um declínio maior que o esperado”, afirmou ele.

Com a queda da população e da fecundidade, especialistas já começam a atestar o envelhecimento. A atualização da pirâmide etária da população também será divulgada nas próximas etapas do Censo, mas a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada em 2022 pelo próprio IBGE, já traz uma porcentagem menor nos grupos etários mais jovens (que são a base da pirâmide) e, ao mesmo tempo, um aumento dos grupos de idade que ficam no topo. “Em 2012, a proporção de pessoas abaixo de 30 anos de idade era de 49,9% (quase metade da população); já em 2021, o percentual foi para 43,9%. E certamente, quando sair essa nova pirâmide etária, o percentual será menor que o de 2021”, projeta Saumíneo. 

Por outro lado, o total de domicílios no Brasil teve um aumento de 34% nos últimos 12 anos. Dos 90,5 milhões de domicílios particulares permanentes existentes hoje, 72,4 milhões (80%) encontravam-se ocupados (com ou sem a realização de entrevistas) na data de referência do Censo 2022. Outros 11,4 milhões estavam vagos (sem a presença de moradores), representando 12,6% do total de domicílios particulares permanentes – e um crescimento em relação aos 9,0% verificados em 2010. “Ou seja, tem gente comprando imóveis e não moram nos imóveis, por isso que o crescimento percentual de domicílios, foi maior que o da população. Enquanto existem pessoas que não possuem imóveis, outros possuem vários imóveis, desocupados”, acrescenta o economista. 

As cidades

Os dados apurados no Censo 2022 mostram que os estados da região Sudeste continuam concentrando a maior parte da população brasileira: 41,8%, contra 26,9% do Nordeste. As duas regiões tiveram diminuição em relação ao Censo 2010 quando tinham 42,1% e 27,8% respectivamente. Em compensação, houve crescimento nas outras regiões. A Norte foi de 8,3% da população para 8,5%; a Sul foi de 14,4% para 14,7; e a Centro-Oeste, que tem uma forte atividade econômica no agronegócio, aumentou mais a sua participação: de 7,4% para 8,0%. 

Uma tendência verificada no Censo é o aumento da população em cidades vizinhas às capitais e grandes metrópoles, que formam as chamadas concentrações urbanas, municípios agrupados ou isolados acima de 100 mil habitantes, nos quais há uma forte integração. “Elas reúnem um montante populacional de magnitude considerável, resultado de um dinamismo com expressiva mobilidade espacial e com intensos processos de urbanização e metropolização, que imprimiram padrões de concentração e dispersão significativos no território brasileiro a partir da segunda metade do século XX”, acrescenta Saumíneo. 

O Brasil tem 185 concentrações urbanas, que reúnem 124,1 milhões de pessoas. As principais são as de São Paulo (SP), com 37 municípios; Belo Horizonte (MG), com 23; Rio de Janeiro (RJ), com 21; e Curitiba (PR), com 18.

Por outro lado, outras pessoas estão preferindo deixar os grandes centros para morar em cidades de médio porte, principalmente no interior, que têm mais de 100 mil habitantes. O destaque vai para três cidades com grande concentração de atividades agropecuárias: Senador Canedo (GO), que cresceu 84,3%; Fazenda Rio Grande (PR), que subiu 82,3%; e Luís Eduardo Magalhães (BA), com 79,5%. 

Importância 

Os Censos do IBGE são realizados a cada 10 anos, por obrigação de lei, e se consolidaram como um dos maiores levantamentos demográficos do mundo. Através de um questionário básico, com 26 quesitos, ele apura informações importantes sobre como vive a população brasileira, em quesitos como renda, moradia, escolaridade e acesso a serviços como saúde e saneamento. E um segundo questionário, de 77 perguntas, é feito por amostragem e aprofunda-se em temas como raça, gênero, família, religião, educação, trabalho, mortalidade e autismo. 

“Além de contar os habitantes do nosso território nacional, identificando suas características e revelando como vivem os brasileiros, serve para produzir informações fundamentais para a definição de políticas públicas e para a tomada de decisões de investimentos da iniciativa privado ou de qualquer nível de governo (federal, estadual ou municipal), destaca Saumíneo Nascimento. 

A previsão do IBGE é de que os outros dados definitivos do Censo 2022, com os resultados dos dois questionários, sejam divulgados por etapas, até 2025. 



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