por Renan Basso*
Nos últimos meses, o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, o Pix, tem ganhado destaque por sua grande movimentação, com o lançamento da funcionalidade por aproximação e até mesmo quanto aos desencontros de informação sobre se o sistema seria ou não taxado. O fato é que a modalidade está em alta e não sai das rodas de discussão de pessoas de todas as classes sociais, isso devido ao grande impacto na vida financeira de milhões de brasileiros e também por se tratar de um meio de pagamento de grande agilidade, praticidade e, principalmente, ser uma alternativa de baixo custo em relação aos meios tradicionais.
A possibilidade de realizar transações em tempo real sem taxas ou com custos reduzidos trouxe uma revolução para as formas de pagamento em nosso país. Recentemente, o pix também passou a oferecer a opção de parcelamento, o que gerou um novo debate: seria o pix parcelado uma ameaça para o cartão de crédito? Quais são as suas diferenças?
A resposta, no entanto, é não! O Pix, a meu ver, não é uma ameaça aos queridos cartões de crédito. Isso porque os cartões tradicionais ainda possuem benefícios, como milhas, acúmulo de pontos, acesso a sala vip de aeroportos, cashback, antecipação na compra de produtos ou serviços, como grandes shows e festivais, e a lista de vantagens segue como forma de garantir a fidelização dos usuários. Além disso, tem a facilidade de pagamento por aproximação das wallets – logo há semelhanças com o pix. Além disso, o cartão de crédito, lançado no Brasil em 1968, é um gigante em nosso ecossistema financeiro. O número de cartões de crédito ativos em nosso país é maior do que o dobro da população ocupada. Ao todo, são 212 milhões de cartões, de acordo com um levantamento do Banco Central divulgado em 2024. Já um outro estudo, este do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), destacou que 79% dos consumidores costumam parcelar suas compras. Ou seja, como podemos ver, os cartões são difíceis de competir.
Contudo, a principal vantagem do novo lançamento é não ter a necessidade de possuir um cartão de crédito para pagar parcelado. O Pix parcelado vem como uma forma de “carnê digital”, assim como empresas do varejo, como Casas Bahia e Magazine Luiza têm. Porém, ainda temos alguns impasses e reflexões no que diz respeito ao parcelamento do pix, como quem assume o risco neste tipo de transação? De onde vem o crédito do qual o cliente irá dispor para parcelar suas compras?
De acordo com as informações já disponíveis, o pix parcelado funciona assim: de forma semelhante ao crediário, ele oferece uma alternativa para pagar compras de bens e serviços em prestações mensais. No entanto, quem proporciona o parcelamento é o banco do qual o consumidor é cliente e não a loja, com seus cartões próprios e carnês. Ainda em estágio inicial pelo Banco Central e sem data de lançamento oficial e também sem detalhes sobre a taxa máxima de juros permitida, por exemplo, alguns bancos estão disponibilizando o serviço com regras próprias de parcelamento e taxas.
Voltando à reflexão sobre o por que o pix parcelado não é páreo para destronar o cartão de crédito, acredito que uma junção de fatores seja a principal responsável por manter essa modalidade no Top 1 entre as favoritas para o parcelamento: são eles os diversos benefícios que conectam os usuários a produtos e serviços essenciais, como descontos em postos de gasolina, cinema e por aí vai, além dos que citei no começo deste artigo; a maior segurança e estabilidade para as instituições que fornecem crédito; as inovações para as quais os cartões se adaptaram como as wallets e pagamentos por aproximação, não deixando a desejar a nenhum outro método de pagamento mais atualizado.
Claro, minha reflexão neste texto não é uma verdade absoluta. Há outros canais especialistas em tecnologia financeira que destacam previsões diferentes, como é o caso da consultoria Oliver Wyman. Para eles, o pix parcelado tem, sim, o potencial de desbancar os cartões e isso, segundo eles, deve acontecer até 2027, fazendo do pix o principal meio de pagamento nas compras online.
Em suma, não há dúvidas de que o pix está provocando uma mudança gigante no comportamento dos consumidores que buscam cada vez mais alternativas que sejam simples, rápidas e com menor custo. Nesse contexto, o cartão de crédito pode, sim, enfrentar dificuldades para manter sua hegemonia e precisar se adaptar, como forma de oferecer melhores condições de parcelamento, taxas mais competitivas e mais benefícios para seus usuários.
O mercado de pagamentos no Brasil está em constante evolução, e a concorrência entre o Pix e o cartão de crédito tende a beneficiar o consumidor, que terá cada vez mais opções à sua disposição. O pix parcelado pode representar uma ameaça para o modelo tradicional, mas também pode ser uma oportunidade para que as empresas de cartões inovem e se renovem.
* Renan Basso é co-fundador e diretor de negócios da MB Labs, uma renomada empresa especializada em consultoria e desenvolvimento de aplicativos e plataformas digitais. Com uma sólida carreira no setor de tecnologia. Com uma formação em engenharia da computação pela PUC Campinas e MBA na DeVry Educacional do Brasil, Basso é especialista em tecnologia, engenheiro de software e desenvolvimento de sistemas para grandes companhias. Especialista em construção de tecnologia para as indústrias financeiras e super apps. Com vasta experiência no setor de tecnologia e finanças, com objetivo de impulsionar a inovação e criar soluções para fintechs.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
THAIZA LOPES ROMARIO RIBEIRO
[email protected]