Escolher interagir menos? Novo estudo explica o menor interesse de superdotados pela socialização
Esse interesse reduzido vai além de incompatibilidade, é um comportamento ligado a algumas necessidades inatas do cérebro, destaca o físico e mestrando em psicologia, Adriel Silva, que participou no novo estudo que analisou o efeito
MF PRESS GLOBAL
24/06/2025 01h39 - Atualizado há 17 horas
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Por que algumas pessoas superdotadas parecem preferir o isolamento social? Essa pergunta, geralmente cercada de interpretações equivocadas, começa a ser respondida por uma nova pesquisa que oferece uma perspectiva neurocientífica e genética sobre o tema.
O estudo “
A escolha por menos interação social por superdotados: fatores relacionados às necessidades inatas do cérebro”, publicado recentemente pela Editora Atena, é assinado pelo Pós PhD em neurociências
Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pelo físico e mestrando em psicologia
Adriel Silva, e pelo mestre em Ciências Econômicas
Dr. André Di Francesco analisa as razões biológicas e comportamentais por trás do menor interesse social de pessoas com altas habilidades intelectuais.
“Não se trata de timidez, arrogância ou exclusão social. A escolha por interagir menos muitas vezes reflete uma organização cerebral diferente, com prioridades cognitivas mais voltadas à profundidade e autonomia do pensamento”, afirma
Adriel Silva. Desde cedo, um padrão que se repete Segundo o estudo, esse padrão é perceptível desde a infância. Bebês considerados precoces já demonstram menos interesse por estímulos sociais repetitivos e mais inclinação para observações solitárias. Essa tendência, com o tempo, transforma-se em uma forma de lidar com o mundo que prioriza introspecção, análise e profundidade.
“O superdotado tende a se frustrar com interações rasas e com a superficialidade de certas dinâmicas sociais. Para ele, o diálogo só se torna realmente interessante quando existe troca intelectual genuína”, explica
Adriel.
Cérebro e genes: O que a ciência revela? O estudo destaca que essa inclinação é influenciada por fatores neurobiológicos e genéticos. Estruturas como a Default Mode Network (rede cerebral ativada durante momentos de introspecção) apresentam maior atividade em pessoas superdotadas. Além disso, neurotransmissores como dopamina e glutamato, que regulam prazer, foco e aprendizado, atuam de forma distinta nesses indivíduos.
Com base em análises feitas em grupos privados de alto QI, os autores observaram que essa preferência pelo distanciamento cresce com a idade, especialmente à medida que o superdotado percebe as limitações sociais em acompanhar seus raciocínios.
Quando o silêncio vale mais do que a conversa A pesquisa ainda mostra que, para essas pessoas, estar entre outros nem sempre representa uma experiência de troca — muitas vezes, pode ser percebido como um custo emocional e cognitivo.
“A socialização é naturalmente dispendiosa. E, quando ela não entrega estímulos significativos, passa a ser vista como um esforço inútil”. O estudo sugere que essa tendência não deve ser corrigida, mas compreendida e respeitada, inclusive no contexto educacional. Ao entender essas particularidades, é possível criar ambientes mais inclusivos e ajustados às necessidades de pessoas com alta capacidade intelectual.
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FABIANO DE ABREU RODRIGUES
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