Viajar é um dos maiores prazeres da vida e uma jornalista chamada Dina Barile sabe bem como aproveitar as estradas pelo mundo. Aos 63 anos, ela já conheceu 138 países e foi a primeira e única brasileira a viajar para um lugar inusitado: a estratosfera.
Filha de imigrantes italianos, Dina Barile fala quatro idiomas – inglês, italiano, espanho e português – e já pisou em todos os continentes do mundo. Além de ser apaixonada por turismo e colecionar muitas aventuras ao longo de sua história, ela cursou bacharelado em Estatística, na USP, e Ciências Atuariais, na PUC. Em entrevista ao site Dr. Curioso, a jornalista contou um pouco sobre suas inesquecíveis experiências.
Em novembro de 2015, Barile realizou um feito único para as mulheres brasileiras embarcando em um caça MIG 29 e voando 16.700 metros da Terra, alcançando a estratosfera. Segundo a jornalista, a ideia de fazer tal viagem surgiu do sonho de viajar para o espaço. Devido aos custos e dificuldades de realizar uma viagem espacial, ela viu na estratosfera a oportunidade de vislumbrar um pouco do que é o espaço e seu “pretume”.
“Na verdade, eu gostaria de ir para o espaço. Mas como esse sonho está muito distante e é muito caro, eu percebi nessa viagem à Estratosfera, que podia sentir um gostinho de ir para o espaço”, contou Dina Barile. Durante a viagem, ela foi submetida a uma força sete vezes maior que o peso de seu corpo, chamada de 7G, e fez diversas manobras de combate.
A viagem foi realizada pela empresa do astronauta Marcos Pontes e precisou de um tempo de preparação. Durante seis meses Dina foi acompanhada por uma médica especializada em esportes radicais, precisou tomar vitaminas e realizar vários exames, além de fazer uma atividade que detesta: academia. A viagem partiu da base de Sokol, na Rússia. Até hoje, nenhuma outra mulher brasileira realizou tal viagem.
“Foi uma sensação indescritível. Quando cheguei, agradeci aos céus por mais um sonho realizado e chorei. O que me marcou foi ver o espaço escuro e a emoção de chegar lá.”
No dia seguinte, ela ainda realizou um voo de gravidade zero e nos contou como foi essa experiência:
“Foi bem divertida. Eu e mais 20 rapazes russos, que não falavam inglês, fantasiados de super-heróis. Foram muitas tentativas de voo em gravidade zero e muitas trombadas com os “super-heróis”. A experiência foi num avião utilizado pelos astronautas russos, para o treinamento em gravidade zero. O avião sobe a 6 mil metros e “despenca” para simular a gravidade zero.”
Viagens: “check in” feito em 138 países
Apaixonada por viajar, Dina também fez muitas viagens pelo Brasil e pelo mundo. No total, foram 138 países e, levando em consideração as idas que fez para o mesmo local, ela possui cerca de 400 viagens internacionais em sua bagagem. De acordo com ela, suas viagens serviram para adquirir muitos conhecimentos através do contato direto com outras culturas. Questionada sobre o local que mais a surpreendeu, ela revelou que foi a Bolívia, devido a algumas experiências desagradáveis que viveu em sua estadia no país, e também a Índia, pois apesar da pobreza extrema, os moradores locais usam a fé para encontrar uma maneira de serem felizes.
Dina também nos revelou com detalhes sobre suas viagens internacionais favoritas. Segundo ela, sua principal motivação é conhecer pessoas e culturas diferentes e seu principal gosto é por lugares instigantes e exóticos, citando como exemplo o Butão, Índia, Madagascar, Islândia, Namíbia, Etiópia, Tailândia, Antártica e Tunísia e falando um pouquinho sobre cada um desses países:
“A Islândia é um dos poucos lugares que ainda conserva sua identidade e tem paisagens deslumbrantes a cada curva. Butão dizem que é o lugar mais feliz do mundo. Eles não sabem nada sobre isso, mas é um povo amistoso e simpático. Lá conheci o mosteiro “Ninho do Tigre”, um dos trekkings mais difíceis na minha vida. Madagascar pela flora e fauna endêmica. Índia por sua religiosidade e fé. Namíbia pelas paisagens e dunas imensas únicas, as maiores do mundo. Etiópia pelo povo, pelas paisagens, e pela prova de que um povo consegue sobreviver às condições mais duras de vida. Tailândia é um país alegre, com praias lindíssimas e sua comida maravilhosa. Antártica é única, principalmente se você pisar no solo. A convivência com os pinguins, seu estilo de vida, principalmente, quanto aos ninhos de pedra e quanto aos cuidados com os pinguins recém-nascidos, emociona. Tunísia tem paisagens e cores únicas.”
Quando falamos em solo brasileiro, Barile conhece bem o país após ter pisado em 23 estados, e não esconde sua preferência pela Chapada Diamantina. Sua viagem ao local durou 20 dias e em todos ela participou de alguma atividade diferente.
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E, apesar da idade, engana-se quem pensa que a jornalista irá encerrar suas aventuras em breve. De acordo com ela, sua próxima viagem será em agosto, para Papua, na Nova Guiné. Ela ainda quer realizar o sonho de conhecer alguns lugares, como as Ilhas do Pacífico e da Ásia, países africanos como a Líbia, Angola, Burkina Fasso, Camarões, Cabo Verde, Congo, Gana, e outros.
“Adoro viajar e tenho paixão pelos países que conheci, mas digo que o Brasil é o país mais belo do mundo e o melhor lugar para se viver. Temos todos os atributos para ser o país mais visitado do planeta e transformar o turismo na nossa maior fonte de renda.”
Outro sonho realizado
Além do turismo, Dina Barile possui outra paixão: os esportes. E foi por isso que ela trabalhou como voluntária na Copa do Mundo de 2014 e, em 2016, se inscreveu para realizar o sonho de conduzir a Tocha Olímpica, e conseguiu. O concurso foi realizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro e os participantes deveriam enviar um vídeo pedindo voto e falando de suas motivações. Felizmente, ela estava entre as 10 mil pessoas escolhidas para carregar a tocha, sendo a representante de São Paulo. Foram apenas 200 metros de percurso, mas a distância foi o suficiente para que a experiência ficasse marcada para sempre na vida de uma das brasileiras mais aventureiras de todos os tempos.