Uma quantidade estimada entre 30% e 40% de todo o óleo que chegou à costa do Nordeste desde que os primeiros resíduos de óleo foram detectados em praias da região ainda está no oceano e deve ser trazida ao litoral pelas correntes marítimas. O cálculo é do vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), engenheiro, professor e pesquisador do Departamento de Oceanografia da instituição Moacyr Araújo.
Em entrevista coletiva concedida no início da tarde desta quarta-feira (23) no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, Moacyr desaconselhou totalmente o banho de mar nas áreas atingidas pelo piche e recomendou que peixes e frutos do mar oriundos da área não sejam consumidos até a realização de análises mais aprofundadas para a constatação da contaminação da fauna marinha pelos compostos tóxicos.
“Vem mais óleo por aí e muito provavelmente não vamos acabar com isso de hoje para amanhã”, avalia o vice-reitor. Com relação ao consumo de pescados e frutos do mar — característicos da gastronomia nordestina e fonte de renda de uma grande cadeia produtiva na região — ele recomenda que se evite comer produtos do gênero até que se tenha uma indicação mais precisa do nível de contaminação desses animais.
Já o banho de mar, segundo Moacyr, está totalmente contraindicado. “Banho só nas áreas onde não existe óleo. O material é tóxico e é por isso que estamos preocupados, as universidades estão preocupadas e a gente não pode complicar mais ainda a situação da nossa população”, pontua.