“Infelizmente, os acidentes em casa são mais comuns do que imaginamos. Mesmo antes da pandemia, os piores acidentes que eu atendo acontecem na própria residência das pessoas e muitas vezes com consequências terríveis”, relata Priscila Currie, primeira brasileira paramédica em Londres.
Portanto, com esse relato acima, a atenção e precaução fazem toda a diferença. Segundo o Ministério da Saúde, em 2019 foram registrados 18 mil acidentes domésticos no Brasil. Esse número pulou para 32 mil casos em 2020, isso é obviamente devido a termos ficado mais tempo dentro de casa.
“Idosos e as crianças são os que mais sofrem acidentes em casa, porém na atendi muitos adultos também. É muito importante saber quais os cuidados necessários para conscientizar as pessoas e familiares”, explica Priscila.
Os acidentes são as causas mais comuns de morte de crianças de 1 a 14 anos no Brasil e, por ano, mais de 3.300 meninas e meninos morrem por esse motivo ( outras 112 mil crianças são internadas em estado grave), dados da ONG Criança Segura Brasil.
A paramédica brasileira analisa que o aumento se deu muito pelo isolamento social, no qual as crianças tiveram que ficar mais tempo em casa e com os pais (home office) tentando se desdobrar entre as tarefas do trabalho e atenção aos filhos.
Priscila diz que 90% dos acidentes poderiam ser evitados e alerta que as “quedas” são a principal causa de acidentes domésticos, seguindo-se os cortes, queimaduras e intoxicações.
Confira os alertas da Priscila Currie:
Asfixia – atenção com idade da criança e brinquedos adequados para seus filhos. Atenção também para a qualidade desse brinquedo! Muitas vezes o barato sai caro! A paramédica diz que as peças que soltam com facilidade e pilhas, por exemplo, são de fácil acesso e podem ser engolidas, causando asfixia. O engasgo por objetos pequenos é um grande risco para crianças menores de 5 anos.
Já cortinas e cordas de varal também são perigosas e causam enforcamento acidental.
“Bebês precisam de berço seguro e adequado a sua idade. Eu já atendi crianças que morreram sufocadas com itens que não deveriam estar ali. Já atendi crianças que caíram entre a cama e a parede e morreram sufocadas no travesseiro que caiu junto. Então, por favor, estude a maneira correta dos seus filhos dormirem em paz e segurança”.
Intoxicações
Atenção aos prazos de validade e higiene adequada aos alimentos, sem contar a limpeza dos locais de manipulação deles. Produtos químicos e medicações devem ser mantidos longe do alcance das crianças e também de idosos que por algumas questões de saúde possam necessitar de maior atenção.
Quedas
Alerta aos ambientes e circulação local. Mantenha a iluminação adequada nas escadas, evite tapetes próximos tanto de descida quanto de subidas e observar objetos que possam estar soltos nos degraus. Se você tem chão de madeira ou azulejo faça a regra de NÃO USAR MEIAS dentro casa. Priscila alerta que as meias escorregam e os tombos são feios! Escadas precisam de corrimão no mínimo um lado, mas ideal dos dois lados. Escadas precisam ter portões trancáveis para que crianças pequenas não desçam escadas sem supervisão. Idosos também precisam de ajuda.
Afogamentos
Mantenha a piscina coberta quando ela não estiver em uso. E as banheiras vazias, claro. Assim como baldes, bacias e tanques de lavar roupa, vasos sanitários.
Queimaduras
Durante o preparo de alimentos, uso de fogão, mantenha crianças fora do alcance. Prefira panelas com seus cabos voltados para trás e para dentro. Torradeiras, grils e microondas parecem inofensivos, porém não são! E não deixe álcool, fósforos, isqueiros e produtos químicos perto desses locais e aparelhos eletrodomésticos, pois podem causar incêndio e queimaduras sérias.
Ainda na cozinha e na casa, não deixe à vista objetos pontiagudos ( facas, raladores, por exemplo). Mesmo os idosos, devem ter precaução de manuseá-los.
“Correr com objetos na mão NUNCA! Até um lápis se torna uma arma fatal. Não é questão de ficarem paranoicos com tudo, mas raciocinar e ter zelo são atitudes que impedem acidentes e mortes desnecessárias. A prevenção é sempre melhor! Cuidados nunca são demais”, finaliza nossa heroína da saúde no Reino Unido.
Aprenda primeiros- socorros, caso, precise manter uma pessoa viva até a chegada do SAMU. Dependendo do acidente, leve urgente o paciente ao pronto-socorro ou mesmo contate o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência ou Corpo de Bombeiros.
Sobre a Paramédica
https://www.instagram.com/priscila_paramedica_londres/
Priscila Currie é formada em Ciências Paramédicas por umas das melhores faculdades clínicas do mundo, a St Georges University, em Londres. Ela trabalha como Paramédica para o governo britânico atendendo as maiores emergências pré-hospitalares da capital.