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10/06/2022 às 15h02min - Atualizada em 12/06/2022 às 00h01min

Artista indígena apresenta obra feita com sobras de uma oca atingida por incêndio

"Robá" está exposta na Bienal Internacional de Arquitetura em São Paulo; evento já contou com presença de atrizes e influencer

SALA DA NOTÍCIA Glauco Braga
Divulgação

O artista Andrey Guaianá Zignnatto, indígena de etnia Tupinaky’ia da família Guaianá e Guarani, é um dos destaques da 13ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que é realizada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB Brasil). No evento, o também professor de artes visuais e ativista de projetos sociais apresenta a obra “Robá”, que em tupi-guarani significa “amargo”.

Andrey Zignnatto é parceiro da Alphaz Concept, incorporadora brasileira que executa projetos de arquitetura com responsabilidade ecológica, é que está promovendo e patrocinando a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. A empresa atua com arquitetos renomados como Silvio Oskman e está fomentando o debate sobre construções sustentáveis.

“É uma instalação artística que usa restos de uma oca que foi atingida durante um incêndio na Reserva do Jaraguá, em São Paulo, onde habita uma comunidade com cerca de 3 mil indígenas da etnia Guarani Mbya. Nos últimos anos tivemos vários incêndios que atingiram as aldeias, então a ideia é remontar uma das ocas com o resto que sobrou das queimadas”, disse o artista que recebeu a visita e o apoio da atriz e modelo Isabeli Fontana, da atriz Cleo e o marido o empresário e influencer Leandro D’Lucca.

Cleo não escondeu sua emoção ao ver a obra. "Eu me senti totalmente inserida no universo dele", disse. Já Leandro D´Lucca destacou a importância das raízes indígenas. "Achei muito importante, porque ali está nossa essência, a gente que veio deles e o lugar que estamos era deles. Então vivenciar isso foi muito bom e me fez ver o quanto a gente tem que entender mais sobre o mundo deles, porque é o nosso mundo".

 "Eu conheci as obras do Zig e me apaixonei pelas cortinas de tijolos que ele faz. Na Bienal, ele mostrou o trabalho que faz com as aldeias indígenas. Achei a história comovente, de um coração gigante, pois não sabia dessas queimadas e que disso saiu a arte", afirmou Isabeli Fontana.
Zignnatto destaca que a sua criação forma uma espécie de sala para abrigar outros trabalhos dentro, incluindo uma rede formada por luvas de carregadores de tijolos e uma carteira escolar com uma folha simulando um papel de caderno, mas desenvolvida com cerâmica. Ele afirma que Robá pretende discutir a relação entre a população urbana e os povos indígenas que vivem próximos das grandes cidades, como os Guarani Mbya e sustenta que há um conflito entre as tradições e modos de vida dos povos originários e dos habitantes urbanos. A 13ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo segue até 17 de julho no SESC Avenida Paulista e Centro Cultural São Paulo.

O artista estará também com a instalação "Guayapi", na Casa França Brasil, no próximo dia 28. Já em agosto, ele participa da residência artística na Fountainhead, em Miami. A organização escolheu 30 excepcionais artistas contemporâneos ao redor do mundo para desenvolverem e ampliarem suas pesquisas.

Quem é Andrey Zignnatto
Nasceu em Jundiaí (SP), em 1981. Vive e trabalha em Jundiaí e São Paulo, no Brasil. Born in Jundiaí (São Paulo) in 1981. Artista autodidata, desde o início da carreira mostra seu trabalho como um ativador do universo do labor: sacos de cimento, tijolos, juntas de argamassa, paredes e fragmentos de construção foram utilizados pelo artista em múltiplos gestos, cortados ou reparados. Unindo arte e vida, convida o espectador a refletir sobre a relação instável e dinâmica que o ser humano estabelece com o meio que o cerca. Promove uma síntese do embate entre a tradição e a contemporaneidade, e seus efeitos nas sociedades e culturas locais. Possui obras em importantes acervos, como o do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Pérez Art Museum Miami (PAMM, EUA). Possui obras em importantes acervos, como o do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Pérez Art Museum Miami (PAMM, EUA), além de coleções privadas importantes.


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