Quem passou pela Rua Duque de Caxias, em frente ao número 547, na tarde deste sábado (20), se deparou com dezenas de mulheres reunidas para um registro histórico. Eram todas escritoras, de livros, de blogs, de redes sociais, ou que ainda não mostraram seus escritos.
Das mais jovens até aquelas que escrevem há mais tempo, a motivação é uma só: queremos ser ouvidas. “Tenho a necessidade de contar histórias, e faço isso por meio da poesia. É um deslocamento para um lugar onde posso estar, como mulher e como nordestina, dois recortes tão marcantes em nossa sociedade”, diz Larisse Nolasco, 23 anos, dois deles morando em Ribeirão Preto, vinda de Alagoas, onde nasceu. “Algodão Doce” é seu primeiro livro. Outro está em produção. Um caminho que Dumara Piantino Jacintho, aos 77 anos, já percorreu diversas vezes em antologias de crônicas. “Não só na literatura, mas em todas as áreas, as mulheres estão ganhando mais liberdade para mostrar seus trabalhos, e a Feira do Livro é um desses importantes espaços”, comenta.
Larisse e Dumara se cercaram de colegas das letras. Flávias, Ritas, Anas, Dalilas, Elianes, muitas outras com seus escritos em mãos. Um clique depois e todas estão eternizadas neste 20 de agosto. Para elas e para todos os amantes da literatura, um grande dia em Ribeirão Preto.
Mas, qual a razão da foto? Quem trouxe a ideia para a cidade foi a historiadora Flávia Mantovani. Com apoio da Biblioteca Sinhá Junqueira e aproveitando o momento da 21ª FIL, ela colocou Ribeirão na rota do movimento “Um dia especial em…”. “É uma iniciativa que surgiu em São Paulo, para mobilizar e valorizar as mulheres escritoras”, explica.
Em 12 de junho deste ano, três escritoras paulistanas reuniram quase 400 mulheres para uma foto na arquibancada do estádio do Pacaembu, durante um evento literário. A iniciativa surgiu quando uma das organizadoras viu a foto “Um grande dia no Harlem”, feita em 1958 numa rua qualquer de Nova Iorque, onde 57 grandes nomes do jazz se reuniram para o registro histórico.
Em Ribeirão Preto também foi assim. Feita a foto - por uma mulher, diga-se -, o trânsito em frente à biblioteca - criada por uma mulher, lembre-se -, seguiu normalmente. Mas, para muitas mulheres que se reuniram ali, será sempre um grande dia. O dia em que elas se reconheceram e se reafirmaram como escritoras. Para sempre.
21ª FIL – Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto A FIL acontece de 20 a 28 de agosto de 2022, de forma híbrida, presencial em vários locais de Ribeirão Preto e com algumas atividades transmitidas ao vivo através da plataforma oficial da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, organizadora do evento.
Essa 21ª edição, que tem o tema "Do Caburaí ao Chuí: a força da literatura brasileira", conta com diversas atividades artísticas, literárias e culturais, durante 10 dias.
A feira consagrou-se como um dos maiores eventos culturais do país: com 21 anos de história e 20 edições realizadas, já reuniu mais de 3 mil escritores e convidados reconhecidos internacionalmente. Nas edições presenciais, a FIL recebe, em média, um público de 183 mil pessoas e já chegou a oferecer mais de 300 atividades por edição, além de atender mais de 15 mil estudantes.
No ano passado, o evento foi realizado em formato 100% digital, em função do avanço do Coronavírus (Covid-19) no país. Nesta primeira edição on-line, alcançou 30 mil pessoas, em 27 países, em 110 horas de programação.
Sobre a Fundação A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos. Com uma trajetória sólida, projeção nacional e agora internacional, ao longo de seus 21 anos, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da FIL, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura, com calendário de atividades durante todo o ano. A Fundação do Livro e Leitura se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.