Brinquedo de gente grande: Apaixonados por ferrovias criam maquete real
Projeto levou 17 meses para ficar pronto
SALA DA NOTÍCIA Graciliano Candido
15/08/2022 19h39 - Atualizado em 16/08/2022 às 00h01
Divulgação
Por Graciliano Candido, reportagem especial Pelas andanças por Santa Catarina, eis que chego a tranquila Camboriú. Rica na sua história e com moradores bastante hospitaleiros e simpáticos, torna a cidade destino ideal para quem busca descansar e aproveitar o que tem de melhor. No passeio noturno, tive a oportunidade de conhecer o Casebre Encantado Lounge Pub, com gastronomia farta. O encantamento do local está na sua decoração rústica, com itens que são uma atração à parte. Sua mais nova aquisição, a mesa-maquete de uma ferrovia, percorrendo os cenários marcantes do território de Camboriú. A influência para criar a maquete veio através da família do Rodrigo Sousa (integrante da equipe do Pub), composta por membros que trabalharam em ferrovias de São Paulo, mais especificamente na Fepasa (Ferrovia Paulista S/A). “A ideia surgiu desde uma viagem de férias em que fizemos (eu, Januário Pereira e Roberta Cristina) à cidade de Tupã, no interior de São Paulo, que também é minha terra natal, onde meus pais moram até hoje”, lembra Rodrigo. A partir dessa viagem turística, vieram as ideias para colocar o projeto em prática, juntamente com o apoio da Roberta e o Januário (proprietário do estabelecimento). Com as ferramentas nas mãos: Serra Tico Tico, furadeira e serra marquita foi dado início a criação. “Rodrigo sempre teve o costume de montar seu trenzinho de infância em cima da mesa, mas desta vez, ao montar seu trenzinho, algo de diferente aconteceu: Todos estavam entretidos em torno da mesa, observando o trenzinho que ali passava, foi nesse momento em que veio a inspiração de fazer uma mesa maquete, que pudesse reunir as pessoas sendo algo diferente dentro da cidade, pois reúne a história de uma pessoa que sempre amou as ferrovias, juntamente a história da cidade de Camboriú”, destaca Januário, proprietário do estabelecimento e nascido na cidade catarinense, assim como sua irmã Roberta. Apreciando a fundo, é possível perceber toda a riqueza de detalhes na maquete, também pudera, foram necessários para a montagem, nada menos que um ano e 5 meses de bastante trabalho, visto que a dedicação ao projeto se resumia aos finais de semana para poder conciliar com a rotina de trabalho. Toda a parte temática de criação e construção foram feitos pelo Rodrigo e Roberta, e Januário além de fazer toda a parte de marcenaria, fez também a elétrica, pois a mesa acende as luzes das casas e postes, a roda D’água gira e o trem faz todo o seu percurso em um minuto. “Pensamos também na sustentabilidade para se tornar uma maquete ecológica. Muitos itens foram reciclados: a maioria das casas de papelão, árvores com galhos de verdade, isopor, pedras e areia que pegamos no Rio Camboriú próximo de casa, e o trem, que é o protagonista, foi comprado de uma empresa brasileira”, descreve Januário. As dificuldades fizeram parte do contexto dessa desafiadora história. Principalmente para montar o rio, pois trabalhar com resina era algo novo para o trio. A montagem dos postes, também demandou bastante atenção, visto que envolve eletricidade e em tamanhos reduzidos são mais delicados para desenvolver. O transporte pós-montagem também demandou bastante estratégia, visto que todo desenvolvimento foi feito na casa do “trio de engenheiros, há cerca de 8 km de seu local de destino, o Casebre Encantado Lounge Pub, local onde está exposta. Superada essa parte, Januário Pereira conta que começaram a montagem da estação Camboriú e suas casas, e a linha do trem foi posta, chegando logo em seguida as pinturas e vegetações feitas, o rio e as pessoas que habitariam esta maquete já estavam em seus devidos lugares, a iluminação foi feita e as luzes se ascenderam, o caixote de madeira no qual a base de isopor com toda a maquete ficaria dentro já estava pronto e por fim seu transporte foi realizado, falando assim parece ter sido fácil, mas acredite, tivemos muito trabalho, e longos finais de semana diuturnamente dedicados a esse sonho para vir a se tornar realidade. “É uma verdadeira realização em conjunto que, além de poder agradecer por todo o esforço depositado, ainda é uma oportunidade para que muitas outras pessoas possam explorar a cultura e história tanto da nossa cidade Camboriú, como das ferrovias, importante conexão de desenvolvimento do Brasil”. Todo o processo de montagem, bastidores até a concepção da maquete foi registrada em dez vídeos publicados no canal Rodrigo Sousa Ferrovias, no Youtube, sendo de livre acesso a todos para poder explorar esse trabalho. Já àqueles que desejam conhecer de perto e apreciar a ferrovia em pleno funcionamento basta ir pessoalmente ao Casebre Encantado, localizado em Camboriú. “Temos o plano para que a mesa maquete possa ser vista por mais pessoas, inclusive no período diurno, já que atualmente o estabelecimento só funciona a noite. Queremos tornar o local não somente para se alimentar, beber bons drinks e ouvir músicas de flashbacks, mas sim um local no qual as pessoas e crianças pudessem conhecer mais sobre a cidade de Camboriú, sobre a ferrovia, e tantas outros contextos que envolvem a cultura da região, levando em conta que o ambiente proporciona uma experiência ímpar e concentra vários objetos que compunha história da cidade”, completa Januário. Ferrovias de SC Atualmente o estado de Santa Catarina contam com poucas ferrovias, muitas foram desativadas entre a década de 1960 e 1970, dando lugar ao transporte rodoviária com a chegada das rodovias federais e estaduais. Em 1997, no contexto da desestatização da antiga Rede Ferroviária Federal-RFFSA, a malha ferroviária catarinense foi concedida para dois consórcios: a malha da Tereza Cristina para um consórcio com o mesmo nome e o restante foi concedido para o Consórcio Ferrovias Sul Atlântico (FSA) (alterado posteriormente para América Latina Logística-ALL). Deficiências na elaboração dos contratos e falta de fiscalização possibilitaram a desativação de trechos que não interessavam as concessionárias. Assim, o estado possui três ramais ferroviários operantes: os ramais da Ferrovia Tereza Cristina- FTC que ligam as minas de carvão até a termelétrica Jorge Lacerda, no município de Capivari de Baixo; o Ramal Sul que corta o estado entre Mafra e Lages e o ramal São Francisco entre o porto de São Francisco do Sul e Mafra, que são utilizados pela Rumo Logística.
A cidade de Tubarão-SC, localizado na região sul do Estado, fica a 140km da capital, tem um acervo riquíssimo concentrado no Museu Ferroviário de Tubarão, com o maior acervo de locomotivas a vapor da América-Latina. Aos amantes das ferrovias, vale a pena conhecer.